quinta-feira, 12 de maio de 2016

Fátima - 13 de Maio - Terra de Fé





Fátima - 13 de Maio - Terra de Fé 
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro


Fátima, que conhecemos razoavelmente bem, não deixa de nos surpreender a cada novo dia, a cada novo mês, a cada novo ano. Não se sendo nem crente nem peregrino é difícil, senão mesmo impossível, explicar o que leva a que pontualmente ali se concentrem maiores multidões de peregrinos, provenientes de todo o país e de todos os continentes. Muitos deles sujeitando-se a violências físicas que se não podem justificar e que, muitas vezes, muito dolorosamente se conseguem suportar. 

Mas é espantoso o impacto dessas peregrinações e extraordinária a força das celebrações. Esta manhã a Cova da Iria é um mar de gente, envergando a solenidade de quem espera, de quem reza, de quem chora, de quem acredita.

Sejam quais forem as circunstâncias, os locais ou os propósitos, o homem precisa de acreditar em qualquer coisa para que se motive, para que descubra uma razão para tudo o que pensa e para quanto faz.


As estradas do Norte e Centro de Portugal, enchem-se de peregrinos a caminho de Fátima (Portugal). É impressionante a sua Fé, ao percorrerem, muitos deles, centenas de quilômetros. Mas lá seguem, ordeiramente e cantando, para na tarde do dia 12 de Maio estarem no Santuário Mariano de Nossa Senhora de Fátima, para as comemorações do 13 de Maio.



O espetáculo da Procissão das Velas, na noite de 12 para 13, é deslumbrante. Só com a iluminação de velas e o andor de Nossa Senhora de Fátima passeando pelo meio. É inesquecível.


Assista ao vivo direto de Fátima http://www.fatima.pt/pt/pages/transmissoes-online


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro -  Grande - Portugal

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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Tiradentes



Dia de Tiradentes
(Joaquim José da Silva Xavier) - 21 de Abril


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro



A data da sua morte é feriado nacional no Brasil, desde 1890 e, em 1965, foi declarado patrono cívico do Brasil.

Conhecido pelo "Patriota Brasileiro", nasceu em Minas Gerais em 1748. Era Alferes no Regimento de Dragões, e tinha um carácter ardente e patriota.

Entrou na Conjuração Mineira, e quando esta foi descoberta, fugiu para o Rio de Janeiro, onde foi preso e condenado à morte com outros conjurados. Aos outros, a pena foi comutada em degredo, enquanto o infeliz Tiradentes foi enforcado, em 21 de Abril de 1792, no meio de escandalosos festejos. Órfão aos 11 anos, de inteligência aguda, foi educado pelo padrinho, que era cirurgião. Espírito curioso, inventivo e prático, arriscou-se em variadas empresas, em que não teve êxito. Indo para o Rio de Janeiro, exerceu as atividades de enfermeiro e de dentista, que lhe valeu a alcunha histórica como ficou conhecido: Tiradentes. Sempre que podia, aproveitava todas as ocasiões para pregar as suas ideias de liberdade, tanto no Rio de Janeiro e depois em Minas Gerais, onde chefiou os conjurados que lutavam por separar o Brasil de Portugal. Descoberta a conspiração, foi preso, assumindo toda a responsabilidade, sendo por isso executado.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes

Nascido num sítio no distrito de Pombal (localidade brasileira e não a portuguesa), próxima ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, à época território disputado entre as vilas de São João d’El-Rei e São José do Rio das Mortes, nas Minas Gerais, da Silva Xavier era filho do português Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Maria Antônia da Encarnação Xavier, tendo sido o quarto dos sete irmãos. Em 1755, após o falecimento da mãe, segue junto a seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José; dois anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as propriedades por dívidas. Não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de um padrinho, que era cirurgião. Trabalhou como mascate e minerador, tornou-se sócio de uma botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, o que lhe valeu a alcunha Tiradentes, um tanto depreciativa. Não teve êxito em suas experiências no comércio.

Com os conhecimentos que adquirira no trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos. Começou a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão brasileiro. Em 1780, alistou-se na tropa da capitania de Minas Gerais; em 1781, foi nomeado comandante do destacamento dos Dragões da patrulha do Caminho Novo, estrada que servia como rota de escoamento da produção mineradora da província ao Rio de Janeiro.

Foi a partir desse período que Tiradentes começou a se aproximar de grupos que criticavam a exploração do Brasil pela metrópole, o que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de alferes, o posto inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de comandante da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787.

Morou por volta de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento de água do Rio de Janeiro; porém, não obteve não conseguiu aprovação para a execução das obras. Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia.

De volta a Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência das Minas Gerais. Organizou um movimento aliado a integrantes do clero e da elite mineira, como Cláudio Manuel da Costa, antigo secretário de governo, Tomás António Gonzaga (*), Ex ouvidor da comarca, e Inácio José de Alvarenga Peixoto, minerador. O movimento ganhou reforço ideológico com a independência das colónias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos da América. Ressalta-se que à época, oito de cada dez alunos brasileiros em Coimbra eram mineiros, o que permitiu à elite regional acesso aos ideais liberais que circulavam na Europa.

O movimento

Além das influências externas, fatores regionais e econômicos contribuíram também para a articulação da conspiração nas Minas Gerais. Com a constante queda na receita provincial, devido ao declínio da atividade mineradora, a administração de Martinho de Melo e Castro instituiu medidas que garantissem o quinto, imposto que obrigava os moradores das Minas Gerais a pagar, anualmente, cem arrobas de ouro, destinadas à Real Fazenda. A partir da nomeação de Luís da Cunha Meneses como governador da província, em 1782, ocorreu a marginalização de parte da elite local em detrimento de seu grupo de amigos.

O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da derrama, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos atrasados, mesmo que preciso fosse confiscar todo o dinheiro e bens do devedor, a ser executada pelo novo governador das Minas Gerais, Luís António Furtado de Mendonça, 6.º visconde de Barbacena (futuro conde de Barbacena), o que atingiu especialmente as elites mineiras. Isso se fez necessário para se saldar a dívida mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 538 arrobas de ouro em impostos atrasados.

O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes da inconfidência sairiam às ruas de Vila Rica dando vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e por Inácio Correia de Pamplona, açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Fazenda Real. Assim, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e ordenou a prisão dos conjurados em 1789. Avisado, Tiradentes escondeu-se na casa de um amigo no Rio de Janeiro, mas foi descoberto por Joaquim Silvério dos Reis, que o acompanhara em sua fuga a mando de Barbacena. Anos depois, por sua delação e outros serviços prestados à Coroa, dos Reis receberia o título de Fidalgo.

Entre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva e Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa; o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu e Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento); os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás António Gonzaga (*), Ex ouvidor.

Os principais planos dos inconfidentes eram de estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar manufaturas no país que surgiria, uma universidade em São João d’El-Rei e fazer desta a capital. Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás António Gonzaga, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam apenas a autonomia da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista a libertação dos escravos africanos, apenas daqueles nascidos no Brasil.

Julgamento e sentença:

Negando a princípio sua participação, Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda a responsabilidade pela Inconfidência, inocentando seus companheiros. Presos, todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, que permaneceu com a pena capital. Em parte por ter sido o único a assumir a responsabilidade, em parte, provavelmente, por ser o inconfidente de posição social mais baixa, haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, ou detinham patente militar superior. Por esse mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes seria um dos poucos inconfidentes que não eram maçons.

E assim, numa manhã de sábado, 21 de Abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação.

A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo despertou a ira da população que presenciou o evento.

Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarada infame sua memória. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Cebolas, Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz, antiga Carijós, lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando sal ao terreno para que nada lá germinasse, e declararam infames os seus descendentes. Sua cabeça foi rapidamente cooptada e nunca se descobriu seu paradeiro.

Legado:

Tiradentes permaneceu, após a Independência do Brasil, uma personalidade histórica relativamente obscura, dado o fato de que, durante o Império, os dois monarcas, D. Pedro I e D. Pedro II, pertenciam à casa de Bragança, sendo, respetivamente, neto e bisneto de D. Maria I, quem havia emitido a sentença de morte de Tiradentes.

Foi a República – ou, mais precisamente, os ideólogos positivistas que presidiram sua fundação – que buscaram na figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do Brasil, mistificando a sua biografia. Daí a sua iconografia tradicional, de barba e camisolão, à beira do cadafalso, vagamente assemelhada a Jesus Cristo e, obviamente, desprovida de verosimilhança.

Como militar, o máximo que Tiradentes poder-se-ia permitir era um discreto bigode. Na prisão, onde passou os últimos três anos de sua vida, os detentos eram obrigados a raspar barba e cabelo a fim de evitar piolhos. Também, o nome do movimento, "Inconfidência Mineira", e de seus participantes, os "inconfidentes", foi cunhado posteriormente, denotando o carácter negativo da sublevação – inconfidente é aquele que trai a confiança.

Tiradentes nunca se casou, mas teve dois filhos: João, com a mulata Eugenia Joaquina da Silva, e Joaquina, com a ruiva Antônia Maria do Espírito Santo, que vivia em Vila Rica. Atualmente, foi concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da lei federal 9255/96, uma pensão especial do INSS no valor de R$ 200,00, o que causou polêmica sobre a natureza jurídica deste subsídio, mas solucionado pelo STF no agravo de instrumento 623.655.

Atualmente, onde se encontrava sua prisão foi erguido o Palácio Tiradentes; onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência. Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de sua morte, 21 de Abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.

(*) Tomás António Gonzaga - nasceu na cidade do Porto em 1744, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, após que foi nomeado ouvidor e procurador dos defuntos e ausentes na comarca de Vila Rica (Ouro Preto)   (Casa de Gonzaga), capital de então de Minas Gerais (Brasil). Mais tarde foi promovido a desembargador da Relação da Bahia, onde solicita licença real para desposar D. Maria Joaquina Doroteia de Seixas (a famosa inspiradora do seu livro "Marília de Dirceu- 1792).

Mas, enquanto esperava a licença, foi denunciado como um dos cabecilhas da revolta que ficou conhecida pela "Inconfidência Mineira", sendo preso e deportado para Moçambique onde veio a matrimoniar-se com a filha de um rico comerciante de escravos - e chegou a entrar neste negócio… 

Veio a morrer em 1810, já então louco. Tomás António Gonzaga, poeta arcádico de formação horaciana e anacreôntica, manifesta, no entanto, um sentido da dor e da complexidade da existência que fazem dele um pré-romântico, ao mesmo tempo que a sua poesia, de expressão desataviada e simples, tendo um boleio estilístico muito peculiar, assinala a transição do Classicismo para o Romantismo. E se, nas liras da Marília de Dirceu, Gonzaga se nos revela o poeta do amor e da ternura, nas Cartas Chilenas, violenta sátira contra a administração colonial do Brasil (cuja autoria lhe é atribuída), além de nos oferecer outra faceta do seu talento, apresenta-se-nos como um homem perfeitamente identificado com o ambiente mineiro que rejeita o despotismos esclarecido em nome de um liberalismo moderado e até de um certo libertarismo. Dirceu foi o seu nome arcádico.

Marília

Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra;
         
não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de ouro
no fundo da bateira;
         
não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras ainda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas;
         
não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo,
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo:
         
Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros
e decidir os pleitos.
         
Enquanto resolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História
e os cantos da poesia.
         
Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
gostoso tornarei a ler de novo
o cansado processo.
         
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
que tens quem leve à mais remota idade
a tua formosura.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
 
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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Barão do Rio Branco


Barão Rio do Branco
José Maria da Silva Paranhos Júnior
Ilustre brasileiro


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro


 
O Barão do Rio Branco nasceu em 20 de Abril de 1845. Foi deputado (1868/1872), Secretário Particular na missão de negociação de paz com o Paraguai (1870/1871) e Cônsul-Geral em Liverpool (1876).

No período que esteve a frente do Ministério das Relações Exteriores (1902-1912), o Barão do Rio Branco foi responsável pela consolidação das atuais fronteiras do Brasil, e por importante modernização das ações da Chancelaria brasileira.

O Barão do Rio Branco personaliza a tradição de excelência dos serviços prestados ao Brasil pelo Ministério das Relações Exteriores.

Forma-se em Direito no Recife. Em 1869 elege-se deputado por Mato Grosso. Torna-se cônsul do Brasil em Liverpool, na Inglaterra, em 1876. Com a proclamação da República, assume a superintendência geral do Serviço de Emigração para o Brasil. Entre 1893 e 1900 é designado para resolver as disputas pelos territórios de Sete Povos das Missões - entre Brasil e Uruguai - e do Amapá. Assegura o domínio brasileiro nessas áreas e recebe o título de barão do Rio Branco (1888). Em 1902 é indicado para o Ministério das Relações Exteriores. Participa, ainda, da disputa pelo Acre com a Bolívia e de questões fronteiriças com Venezuela, Colômbia e outros países. Membro da Academia Brasileira de Letras, escreve vários livros sobre história do Brasil. Morre no Rio de Janeiro.

Desde estudante revelou vocação para os estudos históricos – geográficos, tendo escrito sobre Luís Barroso Pereira os "Episódios da Guerra do Prata" – seu pequeno estudo após ter concluído o curso. Outro estudo "Esboço biográfico do general José de Abreu – Barão de Serro Largo", entregue ao Instituto Histórico antes da sua viagem à Europa, lhe abrir as portas daquela instituição. Professor, no Colégio Pedro 2º, de Coreografia e História do Brasil, promotor público em Nova Friburgo, deputado por Mato Grosso de 1869 a 1875, redator de "A Nação", onde debateu questões da política internacional e especialmente de limites, iniciou em 1875 a anotação da obra traduzida de L. Schneider sobre a Guerra do Paraguai. Entrando para a carreira diplomática, foi nomeado Cônsul – Geral e, Liverpool (Inglaterra) em 1876, onde prosseguiu nos comentários à obra de Schneider, planeou uma história militar do Brasil, que não chegou a escrever, colaborou na "Nova Geografia Universal", de É. Reclus, sobre tudo que se referia ao Brasil, e na "Grande Enciclopédia" dirigida por Émile Levasseur, da qual se extraiu "O Brasil" em 1899.

Nesse mesmo ano escreveu o capítulo "Esboço da História do Brasil", de "O Brasil em 1889" – Edição de Paris. O resumo teve várias edições e traduções. A obra firmada por Benjamin Mosse "D. Pedro 2º, Imperador do Brasil (Edição Paris 1889), é na realidade obra do Barão do Rio Branco (mais tarde traduzida em São Paulo – Brasil).

Desde 9 de Abril de 1891, quando apareceu o Jornal do Brasil, fundado pelo seu amigo Rodolfo Dantas, iniciou a "Efemérides Brasileiras". Em 1893 foi nomeado para defender os direitos do Brasil na questão de limites com a Argentina, apresentando ao árbitro, o Presidente dos E.U.A Grover Cleveland, a defesa. A vitória, obtida em 1895, preparada em menos de um ano, significando a posse de uma área de 30.621 Km², consagraria a capacidade de trabalho, a competência histórico – geográfica e a erudição do seu autor. Em 1898 foi novamente nomeado para advogar a defesa da questão de limites com a Guiana Francesa.

A 4 de Abril e a 5 de Dezembro de 1899, o Barão do Rio Branco assinou a "1ª Memória" e replicou aos argumentos franceses. A sentença do 1º de Dezembro de 1900, deu a vitória ao Brasil, representando o reconhecimento da posse de 400 mil Km² de área. Nomeado ministro do Brasil em Berlim (Alemanha), foi convidado para assumir a pasta das Relações Exteriores, em 1902, pelo Presidente Rodrigues Alves, resolvendo a questão do Acre, na fronteira Brasil – Bolívia, ao alcançar nova vitória, em 1903 pelo Tratado de Petrópolis, que significava a incorporação de 191 mil Km², os quais, somando aos da questão com o Peru, representavam ao todo 403 mil Km². Em 1897, quando Berna estudava a questão com a França, publicava Rio Branco uma Memória defendendo os limites do Brasil com a Guiana Britânica.

Nas Biografias estão incluídos estudos sobre o capitão-de-fragata Luís Barroso Pereira, o general José de Abreu, o almirante James Norton e sobre seu pai o Visconde de Rio Branco. Nos Estudos Históricos estão transcritos os Episódios da Guerra do Prata, Esboço da História do Brasil, O Brasil, os Estados Unidos e o Monroísmo e os Apontamentos para História do Brasil.

Rio Branco foi um estudioso invulgar da História do Brasil, especialmente da militar e dos limites. O seu trabalho "Efemérides Brasileiras" é um livro extraordinário, revelador de u conhecimento minucioso e erudito. Os extensos estudos, de história e de geografia histórica do Barão do Rio Branco, serviram-lhe de instrumentos, na prática de suas atividades diplomáticas, para os grandes sucessos que marcaram a política exterior do Brasil no último decênio do século XlX e primeiro decênio do século XX.

Por gentileza da  Academia Brasileira de Letras www.academia.org.br

Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior), professor, político, jornalista, diplomata, historiador, biógrafo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de Abril de 1845, e faleceu na mesma cidade, em 10 de Fevereiro de 1912. Eleito em 1º de Outubro de 1898 para a Cadeira n. 34, na sucessão de Pereira da Silva, foi considerado empossado por meio de carta, em 10 de Novembro de 1898.

Era filho de José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, figura ímpar de estadista, que elevou tão alto o nome do Brasil no seu tempo. Cursou o Colégio Pedro II, a Faculdade de Direito de São Paulo, depois a de Recife. Bacharel em 1866, viajou pela Europa e, na volta, regeu a cadeira de Coreografia e História do Brasil no Imperial Colégio. Em 1869, foi nomeado promotor público de Nova Friburgo. No mesmo ano acompanhou, como secretário da Missão Especial, o Visconde do Rio Branco ao Rio da Prata e ao Paraguai. No mesmo carácter se manteve, em 1870 e 1871, nas negociações da paz entre os Aliados e o Paraguai.

Regressando ao Rio, dedicou-se ao jornalismo. Foi dirigir A Nação, juntamente com Gusmão Lobo. Em Maio de 1876, Rio Branco deixava o jornalismo, para aceitar o cargo de cônsul geral do Brasil em Liverpool. Em 1884, recebeu a comissão de delegado à Exposição Internacional de São Petersburgo e, depois de proclamada a República, foi nomeado, em 1891, em substituição do conselheiro António Prado, superintendente geral na Europa da emigração para o Brasil, cargo que exerceu até 1893.

Durante a estadia na Europa, produziu várias obras, sempre em torno da história pátria: redigiu uma Memória sobre o Brasil para a Exposição de São Petersburgo; para o Le Brésil de Sant’Anna Nery, escreveu a Esquisse de l’Histoire du Brésil; apresentou contribuições para a Grande Encyclopédie de Levasseur, na parte relativa ao Brasil; iniciou no Jornal do Brasil a publicação das Efemérides brasileiras, acumulou material para as Anotações à História da Guerra da Tríplice Aliança de Schneider e a Biografia do Visconde do Rio Branco.

Em 1893, Floriano Peixoto escolheu Rio Branco para substituir o Barão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da missão encarregada de defender os direitos do Brasil ao territórios das Missões. A questão, nos últimos dias do Império, fora submetida ao arbitramento do presidente Cleveland, dos EUA, como resultado do tratado de 7 de Setembro de 1889, concluído com a República Argentina. Rio Branco, encarregado de advogar os pontos de vista brasileiros, apresentou ao presidente Cleveland uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis volumes.

A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina obra que em muito contribuiu para o laudo arbitral de 5 de Fevereiro de 1895, inteiramente favorável às pretensões brasileiras.

Em 1898, foi encarregado de resolver outro importante assunto diplomático a questão do Amapá. O Tratado de 10 de Abril de 1897 escolheu para árbitro da questão o presidente da Suíça. Rio Branco vinha estudando a questão do Amapá desde 1895. Ao chegar a Berna, apresentou uma memória de sete volumes. A sentença arbitral, de 1º de Dezembro de 1900, foi favorável ao Brasil, e o nome de Rio Branco foi colocado em plano de superioridade em relação a qualquer outro político ou estadista brasileiro da época.

Em 31 de Dezembro de 1900 foi nomeado ministro plenipotenciário em Berlim. Em 1902 foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu até a morte, em 1912. Logo no início de sua gestão, defrontou-se com a questão do Acre, território fronteiriço que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a pelo Tratado de Petrópolis. A seguir, encetou negociações com outros países limítrofes cujas fronteiras com o Brasil suscitavam questões litigiosas. Erigiu como bandeira das reivindicações o princípio do uti possidetis solis, e foi com ele que dirimiu velhas disputas do Brasil com quase todos os países da América do Sul.

Em 1901, a questão da Guiana Inglesa foi resolvida, por laudo do árbitro Victor Emanuel, o rei da Itália, contra o Brasil, apesar dos esforços e do valor intelectual do plenipotenciário brasileiro Joaquim Nabuco. Rio Branco soube conhecer os motivos do laudo que despojava o Brasil de uma parte do seu território. E deu a Joaquim Nabuco a compensação de nomeá-lo embaixador do Brasil em Washington.

Veio, depois, uma série de tratados memoráveis: em 1904, com o Equador; em 1906, com a Guiana Holandesa; em 1907, com a Colômbia; em 1904 e 1909, com o Peru; em 1910, com a Argentina. Ficavam definidos, de um modo geral, os contornos do território brasileiro, assim como, com pequenas alterações, ainda hoje subsistem.

Além da solução dos problemas de fronteira, Rio Branco lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil moderno. Foi, nesse sentido, um devotado pan-americanista, preparando o terreno para uma aproximação mais estreita com as repúblicas hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e cooperação com os Estados Unidos.

Ao se fundar a Academia, em 1897, Rio Branco se encontrava ausente do país. Talvez por essa razão não foi ele um dos fundadores da casa. Seu nome esteve, entretanto, desde logo lembrado para uma das vagas que ocorressem. Em 1898, ocorria o falecimento de Pereira da Silva. Rio Branco foi eleito para essa vaga. Foi o segundo acadêmico eleito (o primeiro foi João Ribeiro), mas não chegou a tomar posse.

Fontes consultadas: livros acadêmicos, comentários em revistas e jornais.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

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Maria Quitéria



Maria Quitéria - Morreu a 21 de Agosto de 1853 - Heroína baiana, brasileira

 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Sua pequena estátua está no Campo Grande,
em Salvador BA, no monumento ao Índio.


Ao iniciar-se a Guerra de Independência, na Bahia, assentou praça no exército. Formou uma companhia feminina, que se destacou na luta contra os portugueses, quando estes pretenderam desembarcar junto à foz do rio Paraguaçu. Terminada a guerra, foi condecorada por D. Pedro I (Pedro IV de Portugal) com a insígnia de cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Recebeu também soldo de alferes de linha. Maria Quitéria é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador, BA.

Do mesmo modo, a Câmara Municipal de Feira de Santana instituiu a Comenda Maria Quitéria, para distinguir personalidades com reconhecida contribuição à municipalidade, e ergueu-lhe um monumento na cidade, no cruzamento da avenida Maria Quitéria com a Getúlio Vargas. A sua iconografia mais conhecida é um retrato de corpo inteiro, pintado por Domenico Failutti c. 1920. Presenteado pela Câmara Municipal de Cachoeira, integra atualmente o acervo do Museu Paulista, em São Paulo. Por Decreto da Presidência da República, datado de 28 de Junho de 1996, Maria Quitéria foi reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. A sua imagem encontra-se em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares da Arma, por determinação ministerial.

Mulher bonita, altiva e de traços marcantes, Maria Quitéria montava, caçava e manejava armas de fogo. Tornou-se soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano lutava contra os portugueses a favor da consolidação da independência do Brasil. O historiador Bernardino José de Souza, autor de Heroínas Baianas, explica que no dia 6 de Setembro daquele ano, instalou-se na Vila de Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, local onde morava a família de Maria Quitéria, o Conselho Interino do Governo da Província. O Conselho defendia o movimento pró-independência da Bahia e visava obter adesões voluntárias para suas tropas. Maria Quitéria mostrou-se interessada em se alistar, mas foi advertida pelo pai de que mulheres não vão à guerra. Ela então fugiu e, ajudada por sua irmã Teresa, cortou os cabelos, vestiu a farda de seu cunhado e ainda tomou emprestado seu sobrenome, Medeiros. Ingressou no Regimento de Artilharia onde permaneceu até ser descoberta, semanas depois. Foi então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado um saiote.

Sua bravura e habilidade no manejo das armas foram destaques desde o começo de sua vida militar. No combate da Pituba, em Fevereiro de 1823, atacou uma trincheira inimiga e fez vários prisioneiros. Em Abril do mesmo ano, na barra do Paraguaçu, ao lado de outras mulheres e com água na altura dos seios, avançou contra uma barca portuguesa impedindo o desembarque dos adversários. Em Julho seguinte, quando o Exército Libertador entrou na cidade de Salvador, foi saudada e homenageada pela população. No dia 20 de Agosto foi recebida, no Rio de Janeiro, pelo imperador D. Pedro, que lhe ofereceu a Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e um soldo de alferes de linha. Maria Quitéria aproveitou a ocasião para pedir a D. Pedro uma carta solicitando ao pai que a perdoasse. Retornou à fazenda Serra da Agulha e, meses depois, casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma única filha, Luísa Maria da Conceição.

No dia 20 de Agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:

"Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro".

Além da comenda, foi promovida a Alferes de Linha, posto em que se reformou, tendo aproveitado a ocasião para pedir ao Imperador uma carta solicitando ao pai que a perdoasse por sua desobediência.

Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição.

Viúva, mudou-se para Feira de Santana em 1835, onde tentou receber a parte que lhe cabia na herança pelo falecimento do pai no ano anterior. Desistindo do inventário, devido à morosidade da Justiça, mudou-se com a filha para Salvador, nas imediações de onde veio a falecer aos 61 anos de idade, quase cega, no anonimato. Desconhece-se o local de seu túmulo.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

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