sábado, 20 de julho de 2013

BORBOLETAS

Borboletas
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro


Borboleta, é nome usual dos insetos lepidópteros (*), diurnos e noturnos, que têm quatro asas cobertas de escamas finas de cores mais ou menos brilhantes e de que há inúmeras e belíssimas espécies.

(*) "Lepidópteros, é uma ordem de insetos muito diversificada, que inclui as borboletas e um grupo chamado de traças em Portugal ou mariposas no Brasil. O grupo inclui insetos com dois pares de asas membranosas cobertas de escamas e peças bucais adaptadas a sucção. 

O ciclo de vida dos lepidópteros é holometabólico e engloba quatro etapas: ovo, larva (quando é especificado por lagarta), pupa (especificada como crisálida) e imago (a fase adulta). 

Existe boa diversidade de formas e comportamentos dentre os lepidópteros.

É comum em varias espécies o uso de aposematismo, mimetismo e camuflagem (tanto na fase adulta quanta na larval) como meios de defesa contra predadores. 

Algumas também apresentam toxinas no corpo, sendo que no caso de algumas lagartas esta pode ser "injetada" em seus atacantes por meio de cerdas que o animal possui no dorso.

Algumas espécies possuem um tempo de vida extremamente curto quando chegam à fase adulta, em muitos casos apenas o necessário para a reprodução.

Geralmente nestes casos, o animal adulto nem sequer se alimenta, possuindo o aparelho bucal atrofiado, sendo que acumulam toda a energia necessária para viver durante o estagio larval.

As espécies que se alimentam na fase adulta o fazem através da sucção de líquidos, geralmente o néctar de flores ou o sumo de frutos em decomposição.

Muitas espécies têm grande importância na polinização de diversas plantas.

A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo. A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento.

No Japão, a borboleta é um emblema da mulher, por ser graciosa e ligeira.

A felicidade matrimonial é representada por duas borboletas (masculino e feminino). Essas imagens são muitas vezes utilizadas em casamentos.

Borboleta é um termo comum da zoologia, denominação recorrente que designa os exemplares da ordem de insetos dos lepidópteros.

As características das borboletas em seu estado adulto são três pares de patas (como grande parte dos insetos) e dois pares de asas cobertas de escamas de cores variadas dependendo das espécies.

As borboletas põem ovos que dão origem a larvas chamadas pupas. Estas ultimas produzem a seda e formam depois um casulo ou crisálida, que se transformará numa borboleta.

O termo grego psyche tinha dois significados originalmente. Um deles era alma e o outro, borboleta, que simbolizava o espírito imortal! Na mitologia grega, a personificação da alma é representada por uma mulher com asas de borboleta. Segundo as crenças gregas populares, quando alguém morria, o espírito saia do corpo como uma forma de borboleta.

A vida das borboletas começa com os ovinhos. Uma borboleta é capaz de pôr até 500 ovos, do tamanho da cabeça de um alfinete. Depois de pôr os ovos, a borboleta morre.

Do ovo, posto numa folha de árvore, nasce uma pequena larva que se alimenta comendo as folhas onde se encontra.

A medida que vai comendo, vai crescendo, até transformar-se numa lagarta que começa a produzir uns fios de seda parecidos com uma teia de aranha.

Um por um ela vai tecendo esses fios até formar um casulo que fica pendurado num galho.

A lagarta fica dentro deste casulo, que mais parece uma folha seca e morta, pendurada, pronta para cair.

Durante este período, ela vai se transformando, até que, após duas ou três semanas, algo estranho começa a acontecer.

O casulo vai sendo rompido, e dali sai uma linda borboleta, movendo todas as partes do seu corpo, para conseguir se libertar.

A lagarta, enquanto estava encolhida no seu casulo, deixou-se transformar numa borboleta para continuar a vida.

A borboleta, bela, colorida, cheia de vida, vai, como que em forma de dança, voando de flor em flor, misturando-se com o colorido e a vida das flores. Como se não bastasse a vida que ela representa, ainda promove a vida, pois na dança, à procura do néctar, a borboleta facilita o contato entre as plantas, realizando a polinização.

A metamorfose das borboletas é simbolizada da seguinte forma: a crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser e a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição. Também pode ser vista como a saída do túmulo.

Jesus caminhou em direção à morte, como a lagarta que constrói o casulo. Ele também sofre e morre, mas, após alguns dias, causa espanto e alegria com a sua ressurreição, assim como a lagarta que se transforma em borboleta, causando impacto de vida em meio à natureza.

A ressurreição foi algo totalmente novo e inesperado. Ela revela o poder de Deus que vence a cruz e traz esperança às pessoas que têm fé.

Deus ressuscitou seu filho, para demonstrar que é Deus dos vivos e que quer a vida. A ressurreição de Cristo nos fortalece e nos leva a crer na possibilidade da transformação da vida de cada pessoa, da minha própria vida.

Como a borboleta, depois de receber uma nova vida, vai visitar as flores e levar o pólen de uma à outra, assim Deus, a partir da ressurreição, nos motiva a sermos solidários e agirmos em favor do próximo, não sendo lagarta que, ao comer, destrói a planta, mas sendo borboleta, que se lambuza com o néctar e o pólen, ajudando na continuidade da vida.

As borboletas, panapanás ou panapanãs, são insetos da ordem Lepidóptera classificados nas superfamílias Hesperioidea e Papilionídea, que constituem o grupo informal "Ropalócera".

Como outros insetos de holometabolismo, o seu ciclo de vida consiste em quatro fases: ovo, larva, pupa e imago (adulto). Os fósseis mais antigos conhecidos de borboletas são do meio do Eoceno, entre 40-50 milhões de anos atrás.

As borboletas demonstram polimorfismo, mimetismo e aposematismo.

Algumas, como a Borboleta-Monarca, migram longas distâncias. Algumas borboletas desenvolveram relações simbióticas e parasíticas com insetos sociais tais como as formigas.

Algumas espécies são pestes, pois enquanto larvas podem danificar culturas ou árvores; porém, algumas espécies são agentes de polinização de algumas plantas e as lagartas de algumas borboletas (e.g. as da subfamília Miletinae) comem insetos nefastos.

Culturalmente, as borboletas são um tema popular nas artes visuais e literárias.

As Borboletas do gênero Morpho conhecidas popularmente como Borboletas Azuis, estão entre as mais belas do mundo, são encontradas na Região Neotropical principalmente nas florestas tropicais da América do Sul.

São grandes Borboletas das matas, com asas pesadas, de escamas azuis irisadas, que são verdadeiras obras primas da natureza.

Eram adoradas religiosamente pelos Astecas e Incas. Para os Astecas e Incas, as selvas onde se desenvolviam esses insetos eram as antecâmaras celestes.

Na realidade o tom azul não é natural, as escamas da Morpho são pardas ou ocres, mas a luz, ao penetrar nos alvéolos cheios de ar que atapetam as escamas, produz, pela decomposição de espectro luminoso, tonalidades azul-turquesa ou cobalto, acetinadas e metálicas.

Há cerca de 180.000 espécies de lepidópteros, classificadas em 127 famílias. Destas, seis estão em perigo crítico de extinção, 36 estão ameaçadas e 116 são consideradas vulneráveis.

Sistematicamente, a ordem é dividida em quatro subordens: Zeugloptera, Dachnonypha, Monotrysia e Ditrysia. Informalmente a ordem é dividida em dois grupos: Ropalócera (borboletas) e Heterocera (traças/mariposas).

As 127 famílias se agrupam em 44 superfamílias de lepidópteros, das quais apenas duas (Hesperioidea e Papilionoidea) são consideradas Ropalócera (borboletas), o que corresponde a cerda de 12% (cerca de 22.000 espécies). 

As seguintes famílias são consideradas como borboletas: Hesperiidae, Papilionidae, Pieridae, Nymphalidae, Lycaenidae e Riodinidae. As restantes são designadas por traças/mariposas.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal

domingo, 7 de julho de 2013

GAFANHOTOS


Gafanhotos

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Embora os gafanhotos existam em massa atualmente, eles sumiram da face da Terra por um curto período de tempo. Entre 1873 e 1877, um enxame de enormes gafanhotos devastou plantações em todo o centro-oeste dos EUA, causando um prejuízo de centenas de milhões de dólares. Pouco menos de 3 décadas de depois, esses gafanhotos foram extintos.

Os fazendeiros organizaram um exército para aniquilar todos esses insetos do mundo? Certamente não. Alguns pesquisadores acreditam que a extinção desses gafanhotos foi causada por grandes mudanças ambientais. Mas o mais provável é que os ovos de gafanhotos tenham sucumbido a irrigação e aração usada pelos fazendeiros após a destruição das plantações.

Os gafanhotos são ortópteros (Orthoptera, do grego orto - pteros, asas retas) são uma ordem de insetos que possuem as asas superiores retas e coriáceas, recobrindo as asas inferiores mais largas, dobradas no seu sentido longitudinal.

Tais insetos possuem pernas posteriores longas e possantes, apropriadas para saltar, o aparelho bucal e mastigador. Pertencem a esta ordem os insetos conhecidos popularmente como grilos, gafanhotos, esperanças e paquinhas. Esses insetos possuem o terceiro par de pernas do tipo saltatorial, sendo esse o caráter que os separa das demais ortopteróides (baratas, louva-a-deus e bichos-paus).

O primeiro par de asas é tégmina, utilizadas para proteção, e o segundo par é de asa membranosa utilizada para voo. O gafanhoto salta no ar e usa as asas para deslizar e monitora o voo com receptores localizados na carapaça que reveste seu corpo. Esses receptores captam as distorções no invólucro do corpo quando o gafanhoto voa. Há no mínimo 148 pares de receptores em cada lado do corpo do gafanhoto. Detectando o esforço e o movimento, eles garantem a distribuição homogênea da atividade muscular e mantêm o inseto voando de forma nivelada. 

O aparelho bucal é do tipo mastigador, ou seja, sem modificações das peças bucais.

As antenas são filiformes ou setáceas, o comprimento das antenas são características utilizadas para identificar algumas famílias, O primeiro par de pernas pode ser ambulatorial ou fossorial.

A reprodução é geralmente sexuada e a maior parte das espécies é ovípara, embora existam espécies partenogenéticas.

O desenvolvimento é por hemimetabolia (ovo, ninfa, adulto), o desenvolvimento das asas é do tipo exopterigota, sendo observado a teca alar nas formas jovens.

O protórax é o segmento torácico mais desenvolvido, o abdome é séssil com 11 urómeros. As fêmeas podem apresentar ovipositor longo com aspeto de lâminas ou cilíndrico, porém há espécies com ovipositor muito curto. Algumas espécies possuem cercos longos. A maioria dos ortópteros apresenta tímpanos (órgãos auditivos) localizados de cada lado do primeiro urómeros ou na base das tíbias anteriores.

A maioria dos ortópteros produzem sons, o canto desses insetos é conseguido por estridulação, ou seja, atritando uma parte do corpo contra a outra. Em geral, somente os machos possuem órgãos estridulatórios. O gafanhoto macho cricrila friccionando as minúsculos grampos das pernas traseiras contra uma veia espessa e enrijecida da asa dianteira. Cada espécie de gafanhoto tem seu canto próprio, determinado pela distribuição dos grampos e o ritmo em que são friccionados. O número de grampos também varia de 80 a 450 por perna.

Os ortópteros em geral são de hábitos terrestres e fitófagos, sendo algumas espécies pragas de gramíneas, hortaliças, mudas de cafeeiro, de eucalipto, milho, citros, folha do algodão, arroz, soja, pastagens, alfafa, etc., comendo as plantas verdes.

O gafanhoto do deserto durante séculos tem sido uma praga, uma espada de Dâmocles que paira sobre a humanidade, contra a qual é utópico pensar que a tecnologia de hoje serve para prever onde e quando ele vai cair. Já no primeiro século, o naturalista romano Plínio escreveu sobre o pior dos casos, havia conhecido de devastação e morte causada por gafanhotos.

Para encontrar referências a gafanhotos idosos devem voltar a dois mil anos e remetem para a narrativa bíblica que descreve como uma gigantesca nuvem de criaturas vivas que comia de tudo em seu caminho, destruindo completamente as plantações. A história contada na Bíblia chegou a ser posta em causa. Parecia ser uma lenda terrível demais para ser real. Hoje sabemos que esta história não faz nada além de descrever uma realidade que tem sido repetido muitas vezes na história da humanidade.

Enxames de gafanhotos concentram dezenas de milhões de indivíduos por quilômetro quadrado e enterram sob a sua sombra muitos quilômetros quadrados de área de terra.

Um gafanhoto adulto pesa aproximadamente duas gramas em algumas espécies menores e em outras espécies variam entre dez e trinta gramas e todos comem o equivalente a seu peso na alimentação diária. Assim é possível perceber o estrago que uma nuvem de gafanhotos provoca ao atacar determinada plantação ou floresta.

A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, FAO, confirmou que uma fração de um enxame típico pode comer tanta comida em um dia tanto quanto 2.500 pessoas pdem consumir. A África, por seu clima e por haver grandes enxames depositando seus ovos que dormem na areia, apenas esperando o momento ideal para eclodir, durante séculos tem sido a fase que esta praga tem se tornado uma constante para os países do continente. Mas a África é o único continente sob constante ameaça. Os gafanhotos podem mover-se até 200 milhas em um dia e chegar a áreas que podem estar até 2.000 metros acima do nível do mar.

No entanto, não é seguro confiar em normas, gafanhotos atingiram, entre 2005 e 2007, o vale de Zanskar na Índia, o qual está localizado a 3.500 metros. O vale fica coberto de gelo de Novembro a Maio, sendo quase isolado, o que sugere que o inseto já tenha (se não sempre teve) a capacidade de suportar temperaturas extremamente frias.

Durante a peste de 1887 foram encontrados alguns exemplares em enxames em lugares distantes de seu habitat, como Roma, na Itália; em 1941 foi em Saragoza, na Espanha e no mesmo país que se encontrou o inseto na Extremadura, em 1956.

As Américas viveram seus efeitos devastadores em várias ocasiões, acredita-se que os insetos vieram voando sobre o Atlântico, numa viagem de apenas 10 dias.

Os ataques de gafanhotos desde o século XX têm sido repetidos nos períodos 1926-34, 1940-48, 1949-63, 1967-69 e 1987-89. O enxame que atingiu o continente Africano entre 1987 e 1989 resultou em uma perda, após vários anos de intensa luta, de mais de 300 milhões de dólares.

No XXI, a última praga de 2004 destruiu apenas na Mauritânia, mais de um milhão de hectares de terras cultivadas. Afetados Sahel, na África ocidental, norte do Egito, Jordânia e Israel, zonas onde os gafanhotos vieram pela primeira vez em 50 anos.

Elas variaram do Marrocos, Cabo Verde e chegaram às Ilhas Canárias, Portugal e Creta. O enxame principal abrangia cerca de 230 km de extensão e 200 metros de largura, avaliado em 69.000 milhões de gafanhotos.

Conforme registrado pela FAO, para conter e controlar a praga foi preciso uma tarefa empreendida por 20 países que ultrapassou 400 milhões de dólares e as perdas das lavouras foram estimadas em 2,5 milhões.

Vejam os dois vídeos abaixo que falam sobre os efeitos de uma praga de gafanhotos:





Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande - Portugal

terça-feira, 2 de julho de 2013

Bicho da Seda

Bicho-da-Seda
  

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro


Seda, é uma substância à base de fibroína e sericina segregada sob forma de fio fino e brilhante pela larva do bicho-da-seda. A fibra de seda natural é um filamento contínuo de proteína, produzido pelas lagartas de certos tipos de mariposas, sendo uma das matérias-primas mais caras. As lagartas expelem através das glândulas o líquido da seda (a fibroína) envolvido por uma goma (a sericina), os quais se solidificam imediatamente quando em contato com o ar.

A seda é utilizada para se produzir tecidos leves, brilhantes e macios. Os tecidos são usados em camisas, vestidos, blusas, gravatas, xales, luvas etc. A seda tem uma aparência cintilante, devido à estrutura triangular da fibra, parecida com um prisma, que refrata a luz. Acredita-se que os chineses começaram a produzir seda por volta do ano 2700 antes de Cristo.

Reza a lenda que a imperatriz Hsi Ling Chi descobriu a seda quando um casulo de bicho-da-seda caiu de uma amoreira dentro de sua xícara de chá. Depois de experimentar algumas vezes, ela, finalmente, conseguiu tecer o filamento da seda em um pedaço de tecido.

A seda era considerada a mais valiosa mercadoria da China e gerou a famosa rota da Seda, a mais importante rota comercial da época. A manufatura da seda era um segredo de estado, muito bem guardado até o ano 300, quando se tornou conhecida na Índia. Ou seja: 3.000 anos após sua descoberta pelos chineses. Existem muitas lendas e mitos que contam o surgimento da seda, mas foi na China que tudo começou.

Na cultura chinesa, a Imperatriz Hsi Ling Shi (também chamada Lei Zu, esposa do imperador amarelo, Huang Di), é venerada como “a deusa da seda” por ter inventado o tear e tê-lo utilizado na produção de tecidos de seda.

Testemunhos arqueológicos da época Shang (século XVI ao século XI antes de Cristo) mostram que a sericicultura – cultura do bicho-da-seda, já se encontrava em estágio muito avançado. Concretamente há evidências da existência de um ideograma para seda, em língua chinesa, em torno do ano 2.640 antes de Cristo. Por muitos séculos apenas a China produzia a seda. Ninguém mais sabia como fabricá-la e qualquer pessoa naquele país que revelasse o segredo do bicho-da-seda era executada como traidora. Portanto, não surpreende saber que o monopólio chinês na fabricação de seda a tenha tornado caríssima.

Durante a dinastia Han (entre 206 antes de Cristo, a 24 depois de Cristo), a seda chinesa já era famosa em todo o mundo devido ao intenso tráfego comercial entre a China e Europa. Em todo o Império Romano a seda valia seu peso em ouro. No século III antes de Cristo, as exportações chinesas tiveram início pela “Rota da Seda”: levando e trazendo para o ocidente a seda, ouro, prata e retornando com lãs para o Oriente.


A Rota da Seda tinha cerca de quatro mil quilômetros e se estendia do leste da China ao Mar Mediterrâneo. Usado por caravanas, o caminho seguia da Grande Muralha da China para o noroeste, contornando o deserto de Takla Makan, subindo a cordilheira Pamir, atravessando o Afeganistão moderno e passando pelo Levante, um mercado comercial importante em Damasco, atual Síria. De lá, as mercadorias eram enviadas através do mar Mediterrâneo. Poucas pessoas viajaram todo o percurso. As mercadorias eram manipuladas principalmente por uma série de intermediários. 

Os chineses mantiveram o monopólio sobre a produção mundial de seda até cerca de 200 antes de Cristo, quando a Coreia viu o surgimento de sua própria indústria graças a um punhado de imigrantes chineses que haviam se estabelecido lá. Aproximadamente no ano 300 depois de Cristo, a sericicultura se espalhou para a Índia, o Japão e a Pérsia, com a seda se tornando parte da história dessas culturas.

O segredo da fabricação da seda chegou à Europa apenas em 550 depois de Cristo através do Império Bizantino. Segundo uma lenda, monges que trabalhavam para o imperador Justiniano contrabandearam ovos do bicho-da-seda para Constantinopla em gomos de bambu oco. Os bizantinos mantiveram o segredo tanto quanto os chineses, e por muitos séculos a tecelagem e comercialização de tecidos de seda era um monopólio estritamente do império.

No século VII, os árabes conquistaram a Pérsia, capturando suas magníficas sedas. Desta forma, a sericicultura e a tecelagem da seda espalharam-se pela África, Sicília e Espanha. A Andaluzia foi o principal centro europeu de produção de seda no século X. Houve também produção do tecido pelos mercadores de Veneza. Já no século XIV, as cidades italianas de Gênova, Florença e Lucca, ficaram famosas pelas suas tecelagens de seda. A França, a partir da segunda metade do século XV, começou a estimular a indústria local fazendo com que Lyon se tornasse um dos maiores centros mundiais de tecelagem de seda, posição mantida até hoje.

Bicho-da-seda é a larva de uma espécie de mariposa (Bombyx mori) usada na produção de fios de seda. Este inseto é nativo do Norte da China, mas encontra-se atualmente distribuído por todo o mundo em quintas de produção de seda, denominada sericicultura.

O bicho-da-seda alimenta-se exclusivamente de folhas de Amoreira, ao longo de toda a sua fase de vida larvar (lagarta). Ao fim de um período de pouco mais de um mês, a lagarta torna-se amarelada e começa a segregar um fio que usa para formar o casulo onde se dará a metamorfose para o estado adulto (imago). É esse casulo que serve de fonte para a seda. 

Estas mariposas que produzem a seda (Bombyx mori) foram domesticadas a cerca de 3.000 anos antes de Cristo, nos países asiáticos (possivelmente na China), e por isso não conseguem sobreviver no ambiente natural. Vivem apenas criadas pelo homem de quem dependem para serem alimentadas e não conseguem voar.

É como dizer que suas asas atrofiaram nestes séculos de domesticação. Existem mais de 400 espécies desta raça e hoje inúmeros cientistas trabalham na preservação do banco de germoplasma para, através de cruzamentos específicos, buscarem melhores híbridos para produção de seda, possibilitando, assim, melhores resultados na cadeia produtiva, desde o sericicultor até a indústria têxtil.

A Rota da Seda  era uma série de rotas interligadas através da Ásia do Sul, usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Eram transpostas por caravanas e embarcações oceânicas que ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa, provavelmente estabelecidas a partir do oitavo milênio antes de Cristo - os antigos povos do Saara possuíam animais domésticos provenientes da Ásia - e foram fundamentais para as trocas entre estes continentes até à descoberta do caminho marítimo para a Índia. Conectava Chang'an (atual Xi'an) na República Popular da China até Antioquia na Ásia Menor, assim como a outros locais. Sua influência expandiu-se até a Coreia e o Japão. Formava a maior rede comercial do Mundo Antigo.

Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno. Rota da seda é uma tradução do alemão Seidenstrabe, primeira denominação do caminho feita pelo geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen no século XIX.

A rota da seda continental divide-se em rotas do norte e do sul, devido à presença de centros comerciais no norte e no sul da China. A rota norte atravessa o Leste Europeu (os mercadores criaram algumas cidades na Bulgária), a península da Crimeia, o mar Negro, o mar de Mármara, chegando aos Balcãs e por fim, a Veneza; a rota sul percorre o Turquemenistão, a Mesopotâmia e a Anatólia. Chegando a este ponto, divide-se em rotas que levam à Antioquia (na Anatólia meridional, banhada pelo Mediterrâneo) ou ao Egito e ao Norte da África. A última estrada de ferro conectada à rota da seda contemporânea foi completada em 1992, quando a via Almaty-Urumqi foi aberta. A rota da seda marítima estende-se da China meridional (atualmente Filipinas, Brunei, Sião e Malaca) até destinos como o Ceilão, Índia, Pérsia, Egito, Itália, Portugal e até a Suécia. Em 7 de agosto de 2005, foi confirmado que o Departamento do Patrimônio Histórico de Hong Kong pretende propor a Rota da Seda Marítima como Patrimônio da Humanidade.

Muitas caravanas já seguiram essa rota antiga desde 200 a.C. No passado remoto, os chineses aprenderam a fabricar seda a partir da fibra branca dos casulos dos bichos-da-seda. Só os chineses sabiam como fabricá-la e mantinham esse segredo muito bem guardado. Quando eles fizeram contato com as cidades do Ocidente, encontraram pessoas dispostas a pagar muito caro  pela seda. Os dois lados da rota aprenderam muito sobre culturas diferentes das suas, e isso expandiu suas ideias sobre o mundo.

O viajante veneziano Marco Polo percorreu a Rota da Seda no século XIII. Quando as técnicas da navegação e da domesticação de bestas de carga foram assimiladas pelo Mundo Antigo, a sua capacidade de transporte de grandes cargas por longas distâncias foi muito melhorada, possibilitando o intercâmbio de culturas e uma maior rapidez no comércio. Por exemplo, a navegação no Egito pré-dinástico só foi estabelecida no século IV antes de Cristo, período em que a domesticação do burro e do dromedário começaram a ser instituídas. A domesticação do camelo bactriano e o uso do cavalo como meio de transporte foram feitas em seguida.

Os povos antigos do Saara já haviam importado animais domesticados da Ásia entre 7500 antes de Cristo e 4000 antes de Cristo. Artefatos datados do 5º milênio antes de Cristo, encontrados em sítios bádaros do Egito pré-dinástico indicam contato com  lugares distantes, como a Síria. Desde o começo do 4º milênio antes de Cristo, egípcios antigos de Maadi importavam cerâmica e conceitos de construção dos Cananeus. Pensa-se que tenham sido usadas rotas que acompanhavam a Estrada Real Persa (construída por volta do ano 500 AC) desde 3.500 AC. Existem evidências de que exploradores do Antigo Egito podem ter aberto e protegido novas ramificações da rota da seda.


No tempo de Heródoto, a Estrada Real Persa percorria 2.857 km da cidade de Susa, no baixo Tigre até o porto de Esmirna (moderna Izmir na Turquia) no mar Egeu. Era mantida e protegida pelo império Aquemeu, e possuía estações postais e estalagens a intervalos regulares. Com cavalos descansados e viajantes prontos a cada estalagem, mensageiros reais podiam carregar mensagens em até nove dias, ao contrário de mensageiros normais que demoravam cerca de três meses. A Estrada Real era conectada a outras rotas. 

Muitas delas, como as rotas indianas e centro-asiáticas, também eram protegidas por Aqueménidas, que mantinha contato regular com a Índia, a Mesopotâmia e o Mediterrâneo. Existem registros em Ester de despachos feitos em Susa para províncias indianas e para o Cush durante o reinado de Xerxes. O primeiro grande passo para a abertura da rota da seda entre leste e oeste veio da expansão de Alexandre o Grande no interior da Ásia Central. Alexandre chegou a Fergana, às fronteiras de Xinjiang (região chinesa, onde ele fundou em 329 antes de Cristo um assentamento grego na cidade de Alexandria Eschate - Alexandria, a distante), e Khujand (agora Leninabad), no Tadjiquistão.

Quando os sucessores de Alexandre, o Grande (os Ptolomeus), assumiram o controle do Egito, em 323 antes de Cristo, começaram a estimular o comércio (com a Mesopotâmia, a Índia e o leste da África) por intermédio dos seus portos no Mar Vermelho e de rotas terrestres. Isto era supervisionado por uma ativa  participação de intermediários, especialmente os nabateus e outros árabes. 

Os gregos permaneceram na Ásia Central por mais três séculos, primeiramente através da administração do Império Selêucida e mais tarde estabelecendo o reino Greco-Bactriano na Báctria. Eles continuaram a expandir-se em direção ao oriente, especialmente durante o reino de Eutímides, que expandiu o seu controle à Sogdiana, atingindo e superando a cidade de Alexandria Eschate. 

Existem indicações que teriam liderado expedições longas, como a Kashgar, no Turquestão Chinês. Também devem ter iniciado as primeiras relações entre China e o oeste por volta de 200 antes de Cristo. O historiador grego  Estrabão escreve que "eles estenderam o seu império a locais como Seres (China) e Phryni".


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal