quinta-feira, 28 de novembro de 2013

COIMBRA, BELA COIMBRA

Coimbra - (Capital e Concelho do Distrito de Coimbra)

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Colaboração de Dermeval Neves


Coimbra - Cantada por Amália Rodrigues,
Roberto Carlos e Caetano Veloso

Coimbra - cantada e recordada

São séculos e séculos de História, cobertos por um lindíssimo manto de casario branco cruzado por muitas ruas, ruelas, escadinhas, arcos e becos que decoram a bela Coimbra.

Abraçada por mil encantos e tradições, a cidade desce das colinas para beijar o seu eterno noivo, rio Mondego, que lhe tempera o clima nas lânguidas serenatas românticas, cantadas pelos estudantes de sedutoras capas negras, da sua secular Universidade.


As origens de Coimbra prendem-se decerto a longínquos tempos. Os escritores clássicos da Península referem-se a Aeminium, topônimo de origem pré-romana do Itinerário de Antonino veio mais tarde a herdar de Conímbriga o nome que hoje tem. O facto deve-se à transferência para Aeminium do bispo de Conímbriga. A Civitas Aeminiensis passou a ser conhecida por Coimbra, depois das transformações sofridas pelo topônimo. Testemunhos arqueológicos e documentos escritos atestam já a existência, na época romana, de uma importante povoação no local onde atualmente se ergue a cidade.

No início da Idade Média deve ter sofrido os ataques de alanos, suevos e visigodos, conhecendo, porém, sob o domínio destes últimos, uma certa prosperidade, com moeda própria. A conquista agarena não interrompeu a vida urbana, pois, entre outras notícias, sabe-se que dois bispos aqui residiram. Em 878 o conde Hermenegildo Mendes conquistou Coimbra aos mouros.

Sucederam-se as vicissitudes de um longo período de lutas entre cristãos e muçulmanos até à reconquista definitiva por Fernando Magno, no ano de 1064. Recebeu o primeiro foral de Afonso Vl, rei de Leão e Castela.

O conde D. Henrique, que assumira o Governo do Condado Portucalense em 1094, concedeu-lhe novo foi em 1111. A importância da cidade cresceu sob os governos de D. Raimundo, de D. Henrique e dos primeiros monarcas portugueses, sendo muitas vezes residência da corte e sede do Reino. Nela se realizaram cortes medievais, como as de 1211 e 1385. Durante este período, estabeleceram-se na cidade muitas ordens religiosas. Porém, o facto decisivo para a prosperidade de Coimbra, foi a instalação da Universidade. D. Manuel l concedeu-lhe foral novo em 1516. Quando das invasões francesas, foi tomada e saqueada pelas tropas de Massena.

O concelho de Coimbra tem uma área de 44,475 Km². É envolvido a Norte pelos concelhos de Cantanhede e Mealhada; a Leste pelos de Penacova e Miranda do Corvo; a Sul por este último e pelo de Condeixa-a-Nova; e a Sudoeste pelo de Montemor-o-Velho.

A Universidade e do desenvolvimento de Coimbra




Escusado será ressaltar a importância que teve a fixação da Universidade em Coimbra no seu desenvolvimento demográfico e na sua projeção nacional em todos os âmbitos, num movimento simultaneamente receptor e transmissor de cultura. O primeiro recenseamento, ordenado em 1527 por D. João lll, registou em 1329 habitantes na Capital do Distrito, número forçosamente elevado muito em breve com a fixação em Coimbra, dez anos depois, da Universidade, pois em 1540 contavam-se já 600 estudantes matriculados, muitos deles acompanhados de família e criadagem.

A concentração na "Luso Atenas" dos expoentes intelectuais portugueses e a convivência - sob a sua influência cultural, geração após geração - dos filhos das principais famílias beirãs, minhotas, transmontanas ou ilhoas, imprimiram à sua vida um cunho tão peculiar que bem se pode considerar como uma nova expressão nacional, de que cada "licenciado" era depois portador quer regressado ao solar paterno, quer partindo para lides políticas de Lisboa ou Ultramar, quer lançado em busca de glórias literárias.

E, partindo embora, todos iam a Coimbra um pouco de si próprios e da sua  estudante juventude, quer na saudade deixada no coração de iludida tricana, quer na recordação de arrojada estroinice, quer num verso cantado em sentida balada ou mais tarde publicado em ignoto livro, tudo pedras - uma a uma - da soberba Catedral que constituem hoje a tradição Coimbrã, irredutíveis já perante séculos ou fronteiras.

Opiniões sobre o nome Coimbra:

«De "O Domingo Ilustrado (1898)»: "A origem desta famosa cidade não está completamente conhecida, pois são várias versões que dela existem. Querem uns escritores que Coimbra fosse fundada no sítio que atualmente ocupa, com o nome de Colimbria, sendo seu fundador Hérculos Líbio, filho de um rei do Egipto - Osíris.

Há também quem afirme que o primeiro da atual cidade foi Colimbriga, e a sua primeira fundação, foi em Condeixa-a-Velha, e não falta quem assevere que Colimbria e Colimbriga foram duas povoações diferentes e independentes uma da outra. Para estes, Colimbriga existiu onde hoje á Condeixa-a-Velha, isto é, a 12 Km ao sul de Coimbra. Consequentemente Colimbria seria a Coimbra de hoje.

A palavra Colimbriga parece ser composta de duas palavras celtas ou túrdulos (coim) - que queria dizer - campo ou arraial e briga, que quer dizer povoação.

Pedro Mariz opina que Coimbra vem de collis - colina e imbrium - das chuvas. Outro investigador, o Dr. Miguel Leitão de Andrade pretende que havendo em tempos, que ninguém conhece, uma formosa princesa nesta cidade, era ela ardentemente amada por um esforçado cavaleiro. Tinha este envidado todos os meio para obter a mão da donairosa donzela, mas em vão o fizera, porque a tal se recusavam os nobres autores dos dias da bela.

A esse tempo, lavrava enorme terror na povoação em virtude do aparecimento de uma terrível serpente que o povo chama Coluber. A formosa princesa participando do medo que a todos invadia mostrou desejos de ver o nauseabundo réptil reduzido à impotência. Então o ousado donzel armando-se de coragem atacou Coluber e matou-a, conquistando assim o coração e a mão da dama dos seus pensamentos. Em memória do ato valoroso do cavaleiro fundou-se então uma cidade no mesmo lugar em que o réptil fora trucidado, e deu-se a esta nova povoação o nome de Coluber Briga que vem a ser a batalha da Cobra.

«Prof. Vasco Botelho de Amaral, "O Povo e a Língua" - 1949»: " Coimbra veio-nos de Conimbrica. O Magistral dicionário de Quicherat regista isto que traduzo: "Conimbrica, ae, f. Plin. Cidade da Lusitânia".

Este registro da forma Conimbrica é de importância, porque já tem havido quem se apegue unicamente à forma Conimbriga.Com esta dualidade formal (Conimbriga e também, Conimbrica) ficam mais bem explicados os étimos conimbrigense e conimbricense. A origem remota de Conimbrica ou Conimbriga ninguém sabe; mas o elemento brica talvez se prenda ao celta (com significado monte fortificado").

Localizada na sua magnífica colina, em posição altiva, encontra-se a bela Coimbra, terra de história e tradição. A seus pés correm em calmaria as águas do Mondego, formando como que um espelho onde a cidade reflete toda a sua graciosidade.

A cidade viu crescer o seu primitivo núcleo de povoamento no cimo da frondosa colina da Alta que, além de fornecer uma excelente posição estratégica à cidade, constituía também um local de passagem quase obrigatório entre o Norte e o Sul.

Relativamente à ocupação pré-histórica do burgo, permanece um silêncio inquietante. Continua-se no campo conjectural a que somente uma acurada investigação arqueológica poderá dar algumas certezas. Certezas essas que já encontramos no período romano.

Aeminium - nome romano de Coimbra - tornou-se efetivamente uma cidade. O seu centro vital emanava do fórum, construído sobre uma plataforma que assentava num magnífico criptopórtico (pode ver-se esta espetacular obra de engenharia arquitetônica sob o atual Museu Nacional Machado de Castro).

Além do fórum, sabe-se que o povoado viu emergir no seu perímetro urbano outros edifícios: arcos honoríficos, um aqueduto e, para gáudio dos espectadores das corridas de cavalos, embora as certezas nos escapem neste aspeto, um circo. Junto à via Olissipo-Braccara Augusta, atual Santa Cruz, é provável que se tenham construído umas termas ou banhos públicos.

Os bárbaros haveriam de trazer com eles fortes perturbações, se bem que o esplendor da civilização romana tivesse atingido o seu termo. Os visigodos, meio romanizados, e sob os reinados de Recaredo, Liuva II, Sisebuto e Chintila, entre 586 e 640, conduziriam novamente a cidade, agora Emínio, ao equilíbrio e prosperidade.

Em 711, os muçulmanos entram na Península e Coimbra não é esquecida. Transforma-se então sob o domínio árabe numa cidade mourisca e moçárabe. A vida decorre tranquilamente e, podemos dizer, que a região foi valorizada com esta presença de além-mar. Com efeito, a permanência destes homens de tez escura trouxe inovações importantes, não só ao nível da introdução de novas sementes e árvores, como nos próprios processos de cultivo e exploração agrária.

Em 878 começam as primeiras tentativas de reconquista do território. O comando coube ao conde Hermenegildo Mendes que viu a glória esvanecer-se em fumo perante a grandiosa investida de Almançor em 987 para em 1064 ser, novamente, restituída aos cristãos chefiados por Fernando Magno. Coimbra renasce e transforma-se na cidade mais importante a sul do Douro e é capital de um vasto condado governado pelo moçárabe Sesnando. O conde D. Henrique e a rainha D. Teresa fazem dela sua residência e, na segurança das suas muralhas, nasce aquele que viria ser o primeiro rei de Portugal - D. Afonso Henriques.
 
Com efeito, parece que a qualidade a elegeu como berçoiro, senão vejamos: aqui nasceram também D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando.

A política nacional teve aqui também lugar de eleição. Em Coimbra reúnem-se as cortes, sendo de destacar as de 1385 onde João das Regras - legitimamente ou não - leva ao trono D. João I, Mestre de Vais. A cidade ficou também ligada a tragédia, tantas vezes cantada em verso, da morte de Inês de Castro.

O Românico e o Gótico viriam a erguer em Coimbra construções de inegável beleza: Sé Velha, Santiago, S. Salvador, Santa Clara-a-Velha. Os artistas elegem Coimbra e aqui desfilam nomes como: Mestre Roberto, Domingos Domingues, Mestre Pero, Diogo Pires o Velho e o Moço, Diogo de Castilho e tantos outros.

O século XVI trouxe a Coimbra a instalação definitiva da Universidade e a fundação de inúmeros colégios que funcionavam como alternativa ao ensino oficial. É de salientar também neste período, a renovação que se registou no mosteiro de Santa Cruz, sob a chefia e a visão culta de Frei Brás de Braga. O seu nome haveria de ficar ligado à abertura da Rua da Sofia, sua obra capital, onde se concentraram inúmeros colégios: de S. Miguel, de Todos-os-Santos, de S. Bernardo, do Carmo, da Graça, de S. Pedro, de S. Boaventura, etc.

Estrangeiros há que nesta época trabalharam em Coimbra e a eles se deve as primícias da nova arte que então se fazia: Nicolau Chanterene, João de Ruão e Hodarte, são os mais significativos.

O aspeto desta Coimbra de Quinhentos pouco irá mudar até finais do século XIX. É certo que novas casas, colégios, igrejas se edificarão, a Universidade crescerá, mas o traçado urbano sofrerá poucas alterações.

Igreja de São Bento
No século XVII lançaram-se as primeiras pedras das igrejas dos Jesuítas (atual Sé Nova), de S. Bento e do mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

O reinado de D. João V deixou em Coimbra marcas que em muito a dignificaram: a torre da Universidade, a Biblioteca Joanina, o Parque de Santa Cruz e o início da construção do Seminário.

Há que contar, contudo, com uma exceção: as reformas operadas pelo Marquês de Pombal. Sob a orientação deste estadista, desaparecem as muralhas do castelo, cria-se o Jardim Botânico, rasga-se a praça que tem hoje o seu nome e riscam-se os edifícios do Museu de História Natural e o Laboratório de Química.

Coimbra sentiu na centúria de Oitocentos profundas transformações. Numa primeira fase, sofre as agruras das Invasões Francesas quando da ocupação da cidade por as tropas de Junot e Massena, posteriormente a guerra civil entre absolutistas e liberais e, na década de trinta, a extinção das ordens religiosas retirou à cidade grande parte das casas religiosas que então dispunha. Na segunda metade do século XIX, Coimbra recuperaria o alento perdido. 1856 traz-lhe o telégrafo elétrico e a iluminação a gás, em 1864, é inaugurado o caminho-de-ferro e, em 1875, constrói-se a ponte férrea.

Temos assim no final do século, uma cidade milenar que abraça o progresso da era moderna.

Todavia o progresso, por vezes, paga-se caro e Coimbra pagou um preço imerecido. Já no nosso século, na década de 40, uma parte da história da cidade é irremediavelmente amputada.

Com efeito, a destruição quase completa da Alta para edificação dos novos edifícios universitários retiraram de Coimbra muito da sua história, da sua tradição, da sua poesia.

Atualmente, Coimbra não pára a sua marcha em prol do desenvolvimento e do progresso. Fazemos votos para que este progresso e o bem-estar populacional não sejam feitos à custa de barbaridades como as que foram acima focadas e Coimbra possa olhar o futuro sem nunca tirar os olhos do seu passado e da sua história.


Outros motivos de interesse em Coimbra:

Arco e Porta Almedina

Assente na parte mais baixa da cerca medieval, a sua edificação pode remontar à época do conde Sesnando Davides, que conquistou Coimbra em 1064, tendo sido ao longo dos séculos por diversas vezes reformada e remodelada. Esta porta era defendida, primitivamente, por dois cubelos avançados que, mais tarde, foram ligados por meio de um arco fundo, por sobre o qual foi levantado o forte torreão. O seu aspeto atual pode ser resultante de uma reforma no início do século XVI, por determinação de D. Manuel I de Portugal.
 
Internamente encontra-se decorada com um friso com os baixo-relevos da Virgem com o Menino, ladeada por duas pedras de armas.

Esta era possivelmente uma das torres de maior imponência no perímetro da muralha, devido à sua importância estratégica, uma vez que se constituía no acesso de maior importância, civil e militar, à cidade.

Neste trecho mais vulnerável da cerca, entre a Porta de Almedina e a Porta de Belcouce, foi necessário reforçar a defesa, erguendo-se uma segunda cintura muralhada - a Barbacã. A sua porta, em arco quebrado, típica das fortificações do período manuelino, também chegou aos nossos dias, sendo confundida com a própria porta da Almedina que, na realidade, antecede.


Mosteiro Santa Clara-a-Velha

O apelo da forma de vida proposta por Santa Clara levou Dona Mor Dias, dama nobre de Coimbra, filha de D. Vicente Dias, sobrejuiz de Afonso III de Portugal e alcaide-mor de Coimbra, e de D. Boa Peres, neta do chanceler Julião Pais, a fundar uma casa de Clarissas.
Embora desde 1278 empreendesse esforços para a instituição da sua casa de Clarissas, encontrava-se recolhida desde 1250 no Convento de São João das Donas, então dependente do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

Em 13 de Abril de 1283 obteve a licença para construir um mosteiro dedicado a Santa Clara e a Santa Isabel da Hungria, cuja primeira pedra foi lançada a 28 de Abril de 1286, perto do convento franciscano que anteriormente se instalara (1247), na margem esquerda do rio Mondego.

Entretanto, devido aos recursos (bens e rendimentos) com que dotou o novo convento, os religiosos de Santa Cruz opuseram-se veementemente à obra, sob o argumento de que D. Mor era soror professa de Santa Cruz e, por isso, dele dependente no espiritual e temporal. Não obstante a oposição, D. Mor Dias levou consigo algumas religiosas de São João das Donas, e a contenda assim aberta perdurou por cerca de trinta anos.

Em 1302, com o falecimento da fundadora, esta legou ao novo convento os seus bens e rendimentos. A contenda, entretanto, prosseguiu, vindo a culminar na extinção do mesmo em 2 de Dezembro de 1311.

Desde 1307, porém, Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal interessara-se pelo mesmo, empenhando-se na mediação do conflito que logrou encerrar em 1319. Nesse ínterim, alcançou do papa Clemente V, a 10 de Abril de 1314, a autorização para a refundação do Mosteiro. A partir de então dedicou muito do seu tempo e do seu património ao engrandecimento do mesmo.

1. Em 1316 iniciam-se as obras da segunda construção, custeada pela rainha, que determinou ainda edificar, junto ao Mosteiro, um hospital para trinta pobres (concluído em 1333) - com cemitério e capela -, e um Paço onde, em 1325, quando enviuvou, se recolheu.

2. Em 1317 nele se instalam as primeiras freiras, vindas de Zamora.

O arquiteto-régio responsável pelas obras foi o mestre Domingos Domingues, que trabalhou igualmente no claustro do Mosteiro de Alcobaça. Tendo falecido em 1325, foi substituído pelo mestre Estevão Domingues. É sob a orientação deste que se concluem as obras da igreja e se inicia a construção dos claustros do Mosteiro de Santa Clara, entre 1326 e 1327. Os claustros eram abastecidos por um cano de água vindo da Quinta do Pombal (atual Quinta das Lágrimas).

Tendo D. Dinis de Portugal falecido em 1325, pouco depois da sua morte, D. Isabel recolheu-se ao Mosteiro, tomando o hábito das Clarissas, mas não fazendo votos, o que lhe permitia manter a sua fortuna, que usava para a caridade. Fez o seu testamento em 1328, nele tendo deixado expressa a sua vontade em ser sepultada no Mosteiro, legando bens e recursos para a construção de uma capela, para as obras do convento, e para o mantimento das Donas. Viria a falecer em Estremoz, em 4 de Julho de 1336.

A nova igreja foi consagrada em 1330, pelo então bispo de Coimbra, D. Raimundo Ebrard II (1325-1333). A sua traça, de aparência românica com grossos paramentos e contrafortes, respeita, em termos de planta e alçados, a disposição dos templos de Clarissas - três naves de sete tramos, sem transepto, e cabeceira com três capelas (as dos extremos quadrangulares; a capela-mor poligonal). A abside e os absidíolos apresentam interiormente a forma poligonal, característica do gótico.

Estêvão Domingues cobriu a nave central com uma abóbada de berço quebrado, sustentada por arcos torais de grande porte, desistindo, ao que parece, de a cobrir com cruzaria de ogivas. Entretanto, nas naves colaterais optou claramente por este sistema, apesar de grandes imperfeições técnicas a que não serão estranhas dificuldades de implantação do templo, que muito cedo se afundaria nos campos alagados às margens do Mondego.

Apesar dessas dificuldades, o objetivo do mestre foi conseguido: o de construir um templo vertical (ainda que hoje o afundamento e o piso intermédio construído nos dificultem perceber as proporções esguias do conjunto), bem iluminado por frestas laterais de grande altura.

Foi invulgar, à época, a construção de três naves de altura idêntica, abobadadas em pedra, ao invés da cobertura de madeira, então usual pelas Ordens mendicantes, assim como a ausência de transepto, o que permitiu o maior alongamento do claustro.

A iluminação das naves é feita por duas rosáceas nos extremos da nave central e por janelas duplas, de grande altura, rasgadas nas paredes laterais.

A vida do Mosteiro ficou marcada, ao longo dos séculos, por sucessivos alagamentos provocados pelas cheias do Mondego, o primeiro dos quais já em 1331, um ano após a sagração do templo, que anunciou uma difícil convivência com as águas.

A solução encontrada ao longo dos séculos foi o sucessivo alteamento do piso térreo até que, no século XVII as religiosas se viram forçadas a construir um piso superior ao longo do templo e a desocupar o inferior, o que sucedeu igualmente nas demais dependências do Mosteiro. No entanto, a deterioração das condições de habitabilidade levaram à construção, por iniciativa de D. João IV de Portugal, de um novo edifício no vizinho Monte da Esperança - o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Abandonado definitivamente pela comunidade de religiosas em 1677, o antigo mosteiro passou a ser conhecido como Santa Clara-a-Velha.

Após o abandono, o mosteiro e o seu entorno deram lugar a uma exploração agrícola, passando a parte superior do convento a ser utilizada como habitação, palheiro e currais.

No início do século XX, foi classificada como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, e sujeito a extensa campanha de obras de restauro por iniciativa da DGEMN a partir da década de 1930. Ainda assim, o conjunto continuou a ser vítima das águas do rio. Nesse espaço desocupado, imerso nos sedimentos que apenas deixavam visível a parte superior da igreja, criou-se uma imagem de ruína aureolada de romantismo, que se manteve até à década de 1990.

Em 1991 foi iniciado um ambicioso projeto de recuperação e valorização do seu sítio, com orçamento na ordem dos 7,5 milhões de Euros, sob a coordenação do Arqueólogo Artur Côrte-Real.

A campanha arqueológica estendeu-se entre 1995 e 2000, colocando a descoberto a parte inferior da igreja e o claustro, permitindo recolher um espólio significativo, testemunho material do passado conventual. Decidida a manutenção a seco do perímetro escavado (1977), foi construída uma cortina de contenção periférica das águas, primeiro passo para a reabilitação do sítio. Ficou ainda incluída uma importante área de reserva arqueológica, compreendendo o segundo claustro e dependências anexas, dormitório e refeitório, a serem pesquisados no futuro.



Convento Santa Clara Nova

O convento de Santa Clara de Coimbra foi fundado nos inícios do século XIV, à margem esquerda do rio Mondego. Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, esposa de Dinis de Portugal, foi a principal benfeitora da instituição nos seus inícios, tendo-o escolhido como lugar de seu sepultamento.

As constantes inundações de que era vítima o primitivo mosteiro levaram à decisão de construir um novo edifício para a comunidade de Clarissas. Desse modo, as obras do novo convento começaram em 1649, com projeto de João Torriano, frade beneditino, engenheiro-mor do reino e professor de matemática da Universidade de Coimbra. A igreja e vários edifícios conventuais encontravam-se concluídos em 1696, quando se mudaram as últimas monjas.

O grande claustro, construído pelo húngaro Carlos Mardel, foi custeado por João V de Portugal em 1733.

A Confraria da Rainha Santa Isabel recebeu o Convento de Santa Clara-a-Nova em 1891, quando dele saiu a sua última religiosa.

Em 1911, grande parte do monumento foi entregue ao Exército Português, que o devolveu à Confraria em 2006.

Na rica igreja em estilo maneirista, o lugar de honra cabe à urna de prata com óculos de cristal contendo o corpo incorrupto da Rainha Santa Isabel, instalado em 1696 e custeado pelo povo de Coimbra.

O túmulo original, em uma única pedra, mandado fazer pela própria rainha, jaz no coro baixo, onde painéis de madeira policromática narram a história da sua vida.



Sé Velha

O aspeto mais notável da decoração românica da Sé Velha é o grande número de capitéis esculpidos (cerca de 380), que a converte em um dos principais núcleos da escultura românica portuguesa. Os motivos são entrelaço geométricos e vegetalistas de influência árabe ou pré-românica, assim como quadrúpedes e aves enfrentadas. Praticamente não há representações humanas, e não há nenhuma cena bíblica. A ausência de figuras humanas é, talvez, consequência de os artistas serem moçárabes (cristãos arabizados) que se haviam estabelecido em Coimbra no século XII.
Da época gótica (séculos XIII-XIV) subsistem vários túmulos com estátuas jazentes ao longo das naves laterais, alguns muito erodidos. Um dos mais chamativos é o de D. Vataça Lascaris (ou Betaça), uma dama bizantina que veio a Portugal no início do século XIV, acompanhando D. Isabel de Aragão, que vinha casar-se com o rei D. Dinis. O túmulo de D. Vataça leva o emblema do Império Bizantino: a águia de duas cabeças, um trabalho escultórico atribuído à oficina de Mestre Pero.
Na virada do século XV para o XVI, o bispo D. Jorge de Almeida promoveu uma grande campanha decorativa. Os pilares das naves e paredes laterais foram recobertos com azulejos hispano-árabes sevilhanos. Estes azulejos, coloridos e com motivos geométricos, foram retirados em uma reforma posterior, mas alguns trechos subsistem em vários pontos da Sé.
Outra adição importante foi o retábulo-mor, construído entre 1498 e 1502 pelos entalhadores flamengos Olivier de Gand e Jean d'Ypres em estilo gótico flamejante. Esse retábulo, um intrincado painel com figuras esculpidas que ilustram a história da Virgem e Jesus, ocupa quase todo o espaço da capela-mor românica e é o melhor retábulo de este tipo em Portugal.
O altar gótico está apoiado sobre uma mesa de altar românica, contendo inscrições.
O absidíolo Norte (capela de São Pedro), no qual está enterrado em campa rasa o bispo D. Jorge de Almeida, contém um altar renascentista de autoria de Nicolau de Chanterenne.
O absidíolo Sul foi totalmente reconstruído em estilo renascentista (terminado em meados de 1566) e tem um magnífico retábulo de pedra com Jesus e os apóstolos, do escultor João de Ruão. Na década de 30 do mesmo século, João de Ruão já havia construído a Porta Especiosa na fachada Norte.
No transepto encontra-se também uma pia batismal gótico-renascentista (cerca de 1520-40), obra do português Diogo Pires o-Moço, originária da Igreja de São João de Almedina. A pia batismal manuelina da Sé Velha se encontra hoje na Sé Nova de Coimbra (antiga Igreja dos Jesuítas).
A Igreja Matriz de São Tiago Maior de Santiago do Cacém está geminada com a Sé Velha de Coimbra desde 2003, em memória, sobretudo da amizade que ligava D. Vataça, benemérita desta igreja, à Rainha Santa Isabel de Aragão.


Sé Nova

O templo começou a ser construído em 1598, com projeto do arquiteto oficial dos jesuítas de Portugal, Baltazar Álvares, influenciado pela igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. As obras desenvolveram-se com lentidão, e o culto somente se iniciou em 1640, sendo o templo inaugurado apenas em 1698.

Em 1759, os Jesuítas foram banidos de Portugal pelo Marquês de Pombal e, em 1772, a sede episcopal de Coimbra foi transferida da velha Sé românica para a espaçosa igreja jesuíta.

A fachada da igreja é marcada por fortes linhas e possui quatro estátuas de santos jesuítas. A parte superior da fachada, terminada só no século XVIII, tem decoração barroca e contrasta com as partes inferiores, em estilo maneirista.

O interior é de uma só nave abobadada com capelas laterais e transepto com cúpula e lanternim.

O transepto e a capela-mor estão decorados com enormes e magníficos retábulos de talha dourada, construídos em finais do século XVII e princípios do século XVIII. As capelas laterais contêm vários retábulos maneiristas e barrocos.

O cadeiral da capela-mor, do século XVII, foi trazido da Sé Velha, assim como a magnífica pia batismal de uma das capelas laterais, esculpida em estilo gótico-manuelino por Pero e Felipe Henriques no início do século XVI.

Mosteiro Santa Cruz

O mosteiro de Santa Cruz de Coimbra foi fundado em 1131 pelo Arcediago D. Telo, D. João Peculiar e S. Teotónio (primeiro Prior do Mosteiro e primeiro Santo de Portugal) e outros religiosos, que adotaram a regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. A instituição recebeu muitos privilégios papais e doações dos primeiros reis de Portugal, tornando-se a mais importante casa monástica do reino.

O primitivo edifício do mosteiro e igreja de Santa Cruz foi erguido entre 1132 e 1223, com projeto de mestre Roberto, conceituado artista do estilo românico.

A sua escola foi uma das melhores instituições de ensino do Portugal medieval, notabilizando-se por sua vasta biblioteca (hoje na Biblioteca Pública Municipal do Porto) e seu ativo "scriptorium". À época de D. Afonso Henriques, esse "scriptorium" foi utilizado como instrumento de consolidação do poder real.

Ainda na Idade Média, o mais famoso estudante de Santa Cruz foi Fernando Martins de Bulhões, o futuro Santo Antônio de Lisboa (ou Santo Antônio de Pádua). Em 1220, o religioso aí assistiu à chegada dos restos mortais de cinco frades franciscanos martirizados no Marrocos (os Mártires de Marrocos), tendo então decidido fazer-se missionário e partir de Portugal.

A partir de 1507, o rei Manuel I de Portugal ordenou uma extensa reforma, reconstruindo e redecorando o mosteiro e a sua igreja. Nessa época foram transladados os restos mortais de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I dos seus primitivos sarcófagos para novos túmulos decorados em estilo manuelino.

Entre 1530 e 1577 funcionou uma oficina de tipografia no claustro. É possível que o poeta Luís de Camões tenha estudado em Santa Cruz, uma vez que um parente seu, D. Bento de Camões, foi prior do mosteiro à época, e que há evidências, em sua poesia, de uma estadia em Coimbra, santa. Data do século XIX o arco triunfal.


Quinta das Lágrimas

A área da então denominada "Quinta do Pombal" constituiu-se em couto de caça da Família Real Portuguesa desde pelo menos o século XIV.

O documento mais antigo que refere à propriedade data de 1326, ano em que Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal mandou fazer um canal para levar a água de duas nascentes para o Convento de Santa Clara. Ao sítio onde saía a água chamou-se "Fonte dos Amores", por ter presenciado a paixão de D. Pedro, neto da soberana, por Inês de Castro, fidalga galega que servia de dama de companhia à esposa de D. Pedro, D. Constança.

Esta fonte ainda tem um acesso, por um arco ogival gótico, datado do século XIV. A outra fonte da quinta, ligeiramente mais distante da primeira em relação ao convento, foi denominada por Luís de Camões em "Os Lusíadas", como "Fonte das Lágrimas", referindo que a mesma nascera das lágrimas vertidas por Inês ao ser assassinada a mando de Afonso IV de Portugal. O sangue de Inês teria ficado preso às rochas do leito, ainda rubras após seis séculos e meio...


"As filhas do Mondego, a morte escura
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores".
Os Lusíadas, canto III.

Ao longo dos séculos, a quinta passou a ser propriedade da Universidade de Coimbra e de uma ordem religiosa.

Em 1650 foi murada, fizeram-se os caminhos e taludes que suportam a terra e as árvores da mata, e construiu-se o grande tanque que recebe a água da Fonte das Lágrimas e a encaminhava, através de um canal, para alimentar as mós de um lagar de azeite.

Em 1730 a quinta foi adquirida pela família Osório Cabral de Castro, que mandou construir um palácio. Data desse período a atual designação de Quinta das Lágrimas.

Em 1813, Arthur Wellesley, então ainda visconde de Wellington, comandante das tropas luso-britânicas que defendiam o reino das forças francesas de Napoleão Bonaparte, foi hóspede na quinta, a convite de seu ajudante-de-campo, António Maria Osório Cabral de Castro, seu então proprietário. Wellington plantou, na ocasião, duas sequoias ("Sequoia sempervirens") perto da "Fonte dos Amores" e ergueu-se uma lápide com a célebre estrofe de "Os Lusíadas" que situa a história de Pedro e Inês na Quinta.

Por volta de 1850, Miguel Osório Cabral e Castro, filho de Antônio, mandou construir o frondoso jardim romântico que ainda hoje cerca a Quinta, com lagos serpenteantes e espécies vegetais exóticas de vários lugares do mundo, numa espécie de museu vegetal. O seu sobrinho, D. Duarte de Alarcão Velasquez Sarmento Osório, bisavô dos atuais proprietários, fez construir, junto à entrada da mina mandada fazer pela Rainha Santa uma porta em arco e uma janela neogóticas, que dão acesso à mata da Quinta.

O século XIX testemunhou várias visitas reais, como a de D. Miguel de Portugal e a do Imperador do Brasil D. Pedro II (1872).

O palácio original foi destruído por um violento incêndio em 1879, sendo reconstruído ao estilo dos antigos solares rurais portugueses, com biblioteca e capela. Na área ao redor do palácio ainda podem ser vistos os restos das antigas edificações rurais tais como o espigueiro, o armazém e o lagar de azeite.

Os espaços da Quinta e do Palácio foram recuperados nas décadas de 1980 e década de 1990 pelo arquiteto José Maria Caldeira Cabral (Arquivo do Arquiteto Caldeira Cabral). Em 1995 foi inaugurado o Hotel Quinta das Lágrimas, integrante da rede da cadeia Relais & Châteaux, considerado como um dos melhores do país. O seu restaurante, o Arcadas, possui uma estrela no Guia Michelin.


Torre d´Anto

Trata-se de uma antiga torre, integrante da cerca medieval da cidade, aproximadamente a meio da maior de suas encostas, sobranceira ao rio Mondego. Como outras torres daquela cerca, perdida a sua função defensiva, foi transformada em unidade habitacional na primeira metade do século XVI. Data deste período a sua designação como Torre do Prior do Ameal, assim como a sua atual aparência, com alterações menores posteriores.

Esta torre celebrizou-se por ter sido a residência do poeta Antônio Pereira Nobre (1867-1900), quando estudante, no final do século XIX. Daí deriva o nome pelo qual é melhor conhecida hoje, conforme o verso, em uma placa epigráfica, na sua fachada:

"O poeta aqui viveu no oiro do seu Sonho
Por isso a Torre esguia o nome veio d'Anto
Legenda d'Alma Só e coração tristonho
Que poetas ungiu na graça do seu pranto"


Uma segunda placa epigráfica na mesma fachada esclarece ainda:

"Esta Torre de Anto foi assim chamada por Antônio Nobre, o grande poeta do Só, que nela morou e a cantou nos seus versos. E habitou-a mais tarde Alberto d'Oliveira, ilustre escritor e diplomata, o grande amigo de António Nobre e da Coimbra amada."


Aqueduto São Sebastião

Remonta a um primitivo aqueduto romano, que abastecia a parte alta da povoação.

O atual aqueduto é obra do final do século XVI, sob o reinado de Sebastião de Portugal, com traça do arquiteto italiano Filipe Terzio. Aproveitando o percurso e possivelmente os restos do antigo aqueduto, ligava os morros onde se situavam o mosteiro de Santana e o Castelo de Coimbra, vencendo uma depressão em vinte e um arcos.

O Arco de Honra é de cantaria de pedra, e no seu topo destaca-se um conjunto de duas esculturas representando, do lado Norte São Roque, e do lado Sul São Sebastião.



Coimbra das Canções (ou Fado)

Mesclando o antigo e o moderno, Coimbra tem um atrativo especial que leva o visitante à sonhar com o passado, viver com o presente e esperar pelo futuro, sem nunca perder de vista o romantismo de seu povo e de sua história.

Berço de ilustres músicos, compositores, poetas e cantores, Coimbra mescla poesia e canção, em eterno pulsar de corações apaixonados por sua beleza e encanto.

Passeando por entre suas avenidas, ruas, ladeiras, vias e vielas, é impossível não se sentir em outro mundo, em um universo diferente e único que só existe na Bela Coimbra, retratada e cantada por séculos...

Uma das canções mais conhecidas no Brasil, chamada apenas de "Coimbra", tem embalado momentos felizes de inúmeros sonhadores e admiradores ao redor do mundo. 

A música "Coimbra", cantada por muitos artistas, fica aqui registrada nesta postagem nas vozes de Amália Rodrigues, Roberto Carlos e Caetano Veloso.

Coimbra

Música: Raul Ferrão
Letra: José Galhardo
(fado de Coimbra)

Coimbra do choupal
Ainda és capital
Do amor em Portugal, ainda
Coimbra onde uma vez
Com lágrimas se fez
A história dessa Inês tão linda

Coimbra das canções

Coimbra que nos põe
Os nossos corações, à luz...
Coimbra dos doutores
Pra nós os seus cantores
A fonte dos amores és tu

Coimbra é uma lição

De sonho e tradição
O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro, Marinha Grande, Portugal.
Diagramação e Editoração de Dermeval Neves, São Paulo, Brasil.

2 comentários:

  1. Excepcionais esses relatos histólricos da cidade Coimbra, estupendamente redigidos e ricamente ilustrados.
    Está de parabéns o Carlos e o CEN por tão rico acervo de história e cultura, pois estes são dados importantíssimos,
    que não se encontram em qualquer enciclopédia. Humberto Rodrigues Neto - São Paulo - Brasil.

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  2. Maravilhoso este documento. Parabenizar é pouco. Admirável esta narrativa da enciclopédia humana: Carlos Leite Ribeiro.! Hiroko Hatada Nishiyama, São Paulo-Brasil

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