FLORES
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
O órgão reprodutor das plantas superiores é a flor, que só pode atingir toda a sua perfeição nas angiospermas. Uma flor completa de cliocotedonea, por exemplo, é o ápice de um ramo particular, o pedúnculo floral, em cuja axila se desenvolve uma folha reduzida, a bráctea floral.
Esse ápice forma primeiramente um botão fechado, que permite ver apenas as sépalas, peças verdes do invólucro protetor. Por ocasião da eclosão, ou floração, as sépalas separam-se e dispõem-se em cálice para sustentar uma corola perfumada e colorida, formada de pétalas.
Estrutura da flor
Acima desse conjunto estéril (ou perianto), erguem-se uma ou duas coroas de estames – órgãos masculinos, produtores de pólen – que cercam a parte superior do órgão feminino, ou pistilo.
Esse pistilo é em geral formado por uma coluna encimada por um ou vários estigmas para a receção do pólen – de outra flor ou espécie – em cuja base se encontra o ovário, ou futuro fruto.
O ovário, oriundo da união mais ou menos completa de vários carpelos, pode ser, do mesmo modo que outras peças florais, implantado livremente no receptáculo, formado pelo ápice alongado do pedúnculo. Nesses casos é dito livre ou supero.
Não é menos frequente que as peças que o cercam se unam às suas paredes e só se separarem acima dele. Nesses casos é aderente ou ínfero.
simetria axial
A flor é geralmente regular – simetria axial – mas pode adquirir uma simetria bilateral superimposta, ou flores zigomorfas; papilionáceas, labiadas, compostas. As flores das monocotiledóneas podem corresponder à descrição acima, com a diferença de um detalhe: as sépalas são coloridas e idênticas à pétalas, como exemplo: tulipa, lírio, etc.
Existem sem dúvida, particularmente entre as árvores, numerosas espécies com flores, muito pouco visíveis, de perianto reduzido ou inexistente, e, muitas vezes, unissexuadas, sendo sua polinização assegurada sobretudo pelo vento. Ao contrário, são os insetos que transportam o pólen das flores coloridas e perfumadas, cuja secreção açucarada (néctar) os atrai.
Após a polinização, a for murcha, isto é, tudo se resseca, exceto o ovário, e, por vezes o receptáculo, que se transformará no fruto. A maneira segundo a qual são agrupadas as flores de um mesmo pé é a inflorescência.
A flor é uma estrutura de crescimento determinado que é composta por folhas modificadas, quer estrutural quer funcionalmente, com vista à realização das funções de produção dos gametas e de proteção dos mesmos, através dos antófilos.
O caule caracteriza-se por um crescimento indeterminado. Em contraste, a flor apresenta um crescimento determinado, já que o seu meristema apical para de se dividir mioticamente depois da produção de todos os antófilos ou peças florais.
As flores mais especializadas têm um período de crescimento mais curto e produzem um eixo mais curto e um número mais definido de peças florais em relação às flores mais primitivas.
A disposição dos antófilos sobre o eixo, a presença ou ausência de uma ou mais peças florais, o tamanho, a pigmentação e a disposição relativa das mesmas, são responsáveis pela existência de uma grande variedade de tipos de flores.
diversidade - flor de maracujá
Tal diversidade é particularmente importante nos estudos filogenéticos e taxonómicos das angiospérmicas. As interpretações evolutivas dos diferentes tipos de flores têm em conta os aspetos da adaptação da estrutura floral, particularmente aqueles que estão relacionados com a polinização, a dispersão dos frutos e das sementes e a proteção das estruturas reprodutoras contra os predadores.
Com mais de 250 mil espécies, as angiospérmicas formam um grupo taxonómico com sucesso evolutivo, que comporta a maior parte da flora terrestre existente. A flor é a característica que define o grupo e é, provavelmente, um fator-chave no seu êxito evolutivo. E está unida ao caule por uma estrutura denominada pedicelo, que se dilata na sua parte superior para formar o recetáculo floral, no qual se inserem as diversas peças florais. Essas peças florais são folhas modificadas que estão especializadas nas funções de reprodução e de proteção.
sistema de reprodução angiospérmico - da flor ao fruto
percebe-se claramente a formação do fruto a partir da flor
Exemplos mais comuns: maçã, maracujá, laranja, uva, pera, morango, banana, ameixa
De fora para dentro de uma flor típica de angiospérmica podem ser encontradas peças estéreis, com função de proteção, e que são compostas por sépalas e pétalas. Por dentro das pétalas dispõem-se as denominadas peças férteis, com função reprodutiva, e que são compostas por estames e carpelos.
Os carpelos das angiospérmicas são, em relação aos carpelos dos seus ancestrais, uma estrutura inovadora, já que pela primeira vez na linhagem, encerram completamente o óvulo, de forma que o pólen não cai diretamente no óvulo (como nas gimnospérmicas), mas numa nova estrutura do óvulo chamada estigma, que recebe o pólen e estimula a formação do tubo polínico que se desenvolverá até ao óvulo para produzir a fecundação.
A flor das angiospérmicas é uma estrutura complexa, cujo plano organizacional se encontra conservado em quase todas as angiospérmicas, com a notável exceção de Lacandonia schismatica (Triuridaceae) que apresenta os estames em posição central rodeados dos carpelos.
arquitetura floral
Esta organização tão pouco variável não indica de modo algum que a estrutura floral se encontra conservada através das diferentes linhagens de angiospérmicas. Pelo contrário, existe uma tremenda diversidade na morfologia e fisiologia de todas e cada uma das peças que compõem a flor, cuja base genética e adaptativa está a começar a ser compreendida em profundidade.
Foi sugerido que existe uma tendência na evolução da arquitetura floral, desde um plano "aberto", no qual as variações são determinadas pelo número e disposição das peças florais, até um plano "fechado", no qual o número e disposição das peças são fixados.
Em tais estruturas fixas, as elaborações evolutivas ulteriores podem ter lugar através da concrescência, ou seja, por meio da fusão ou estreita conexão das diferentes partes.
bananeira em flor
O plano de organização "aberto" é comum nas angiospérmicas basais e nas primeiras eudicotiledóneas, enquanto que o plano de organização "fechado" é a regra no clado Gunneridae (ou eudicotiledóneas nucleares) e nas monocotiledóneas.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
fonte das imagens: Google Imagens e Ana e Mauro - o Blog da Biologia na Web