Em comemoração do 20º Aniversário do Portal CEN - CÁ ESTAMOS NÓS lançamos o desafio “Brincar sem Abusar” a todos os Autores, Autoras, Amigos e Amigas do PORTAL CEN. Aqui vai o primeiro bloco do mote - Visita do ET Sapo:
Dermeval
Neves
Araçatuba, SP, Brasil
Estranho Visitante
Manhã de
segunda-feira, 07h00. Estava eu na minha cozinha a preparar meu café da manhã
quando ouvi um zumbido forte debaixo da mesa e meu gato começou a miar
insistentemente. Fiquei curioso e ao olhar debaixo da mesa vejo um pequeno disco
voador com uns quinze centímetros aproximadamente e um pequeno ser se desviando
das patas do gato.
Lembrei-me de que meu
amigo Carlos me avisou que eu receberia uma visita estranha, mas não fazia
ideia de que seria o tal Sapo uma criatura tão pequena.
De repente ele e o
disco desapareceram e quando levantei a cabeça eu vi o disco e o Sapo em cima
da mesa. Ele me fez sinal para aguardar um pouco e desapareceu novamente,
surgindo ao meu lado em tamanho maior e pisando no rabo do gato, que saiu
correndo assustado.
Ele me disse que já
me conhecia, que o Carlos já havia falado de mim e ficou olhando para a tela do
meu notebook que estava ligado em cima da mesa, com as notícias do dia na tela.
Olhou firmemente para a tela e a tocou com seu dedo luminoso por uns instantes,
enquanto seus olhos viravam e refletiam os números da Matrix. Ao fazer isto, me
disse que percebeu que eu tinha uma reunião importante em uma usina de
açúcar e álcool e que gostaria de ir comigo para conhecer a exploração da cana
de açúcar.
Disse ele que não estava
com muita fome, mas sem que eu tivesse tempo de falar alguma coisa, lá se foi
todo meu desjejum, com pratos, talheres e tudo que estava à mesa...
Ele perguntou se
poderia ir comigo no meu carro e não fiz objeção. Tocou em seu disco, o
miniaturizou e colocou em uma espécie de bolsa em seu peito, tal qual um
canguru abriga seus filhotes.
Ao passarmos por um
canavial, ele ficou encantado com a cana crescida sendo colhida por máquinas e
caminhões que saiam cheios em direção à usina.
Quando lá chegamos,
ele me disse que iria reduzir ainda mais seu tamanho e que ficaria no meu bolso
para não me atrapalhar e que observaria tudo à sua volta.
Durante a reunião ele
ficou quietinho e como eu queria mostrar-lhe tudo em uma usina, pedi
autorização ao gerente para visitar as instalações, pois precisava verificar os
locais onde seriam instalados os equipamentos que eu estava vendendo para eles.
Autorização concedida, lá fomos nós...
Ao ver que estávamos
sós, ele cresceu um pouco em meu bolso e segurando nas bordas com suas
mãozinhas começou a observar tudo. Fui para a parte da recepção da cana e ele
ficou encantado ao ver as carrocerias dos caminhões serem tombadas no hilo e
toneladas de cana caindo na mesa transportadora.
Ao passarmos pelo
sistema de lavagem da cana, ele mostrou um pouco de medo de água e se aninhou
no fundo do meu bolso. Depois se animou e viu com um brilho nos olhos a cana
ser picada, martelada e transformada em minúsculos pedaços caindo numa esteira
em direção às moendas para extração do caldo da cana. Aquele caldo grosso agora
corria para um tanque de decantação e fervura para formar o mel do açúcar
contido na cana. Ao ver todo aquele melaço ele saltou do meu bolso e flutuando
na mistura vi sua barriga se inchar desmesuradamente e me preocupei muito. Com
um pedaço de madeira retirei-o da mistura e para minha surpresa ele estava
limpo como meu gato depois do banho, mas com uma cara de alegria por ter
saboreado toda aquela doçura.
Passo seguinte, fomos
para a área de cristalização do açúcar e ele ficou admirado em ver como aquele
caldo grosso e escuro se transformava em pequenos cristais brancos e límpidos
como diamantes. Nesse momento ele sacou uma espécie de arma e direcionou para a
esteira onde o açúcar deslizava rumo ao empacotamento. Uma grande porção de
açúcar desapareceu da esteira e ele guardou o coletor e disse que aquele seria
seu lanchinho para mais tarde, pois estava com a barriga muito cheia.
Depois de ver a
produção de açúcar, voltei ao ponto de separação do caldo onde se divide a
produção entre açúcar e álcool. Passei para a área de fermentação do caldo e
destilação para produção do etanol, uma das maiores riquezas desse nosso país.
Nesse momento, senti
meu bolso tremer e ele estava se preparando para beber uma grande quantidade
daquele álcool. Foi difícil, quase impossível convencê-lo de que aquilo não era
para beber, mas que somente servia como combustível para mover motores de
veículos, carros, caminhões, aviões e máquinas agrícolas, e, que depois lhe
daria a provar uma bebida feita de cana de açúcar, específica para se beber, a
tal da Cachaça. Ele ficou curioso, mas não disse nada. Por um instante ele
desapareceu do meu bolso e não o vi mais por alguns minutos... Fiquei
preocupado, mas aguardei...
De repente ele voltou
a aparecer no meu bolso e o senti um pouco mais pesado. Perguntei-lhe se mesmo
depois de tudo que lhe disse ele havia ingerido álcool, ele me disse que não
era louco, pois provou um pouco e aquilho lhe queimou as entranhas e disse que
queria experimentar a tal da cachaça... O que ele fez foi mergulhar no tanque
de etanol e lá no fundo ele ampliou o tamanho da nave para o máximo possível e
encheu o tanque, garantindo que não lhe faltaria combustível para o resto da
viagem aqui na Terra e para voltar para casa tranquilamente.
Finalizamos a visita,
passando pela área de embarque do açúcar e do etanol nos caminhões destinados
ao Porto de Santos e voltamos para casa. No caminho ele falava o tempo todo do
que havia visto e ouvido, e, até me deu uns conselhos sobre como eu deveria
conduzir uma reunião de vendas, que eu deveria estimular mais a curiosidade do
cliente e não falar tudo de uma vez, pois assim ele compraria o equipamento
para ver o resultado, que é o maior interesse de um comprador.
Finalmente chegamos
em casa. Meu gato olhava aquele ser esverdeado de maneira estranha, que agora
estava quase da minha altura, mas depois de uma breve conversa entre ele e o
Sapo, parece que as coisas ficaram bem...
Abri uma bela garrafa
da melhor cachaça que havia na adega e os olhos do Sapo se incharam de
satisfação. Pegou a garrafa em suas mãos, olhou, sugou a rolha com a língua e
sorveu todo o líquido como se fosse uma pequena bomba de sucção. Disse-me que
não ia comer a garrafa, pois tanto vidro no café da manhã o tinham deixado
incomodado.
Após tomar toda
aquela cachaça, cambaleou em minha direção, repousou a cabeça no meu ombro e me
agradeceu por tudo que tinha aprendido naquele dia. Tirou o disco do bolso,
ajustou-se ao tamanho da nave e sumiu dentro dela...
Só me lembro de ter
visto aquela coisinha brilhante fazer algumas curvas trêbadas na minha sala,
atravessar a minha janela e desaparecer no céu entre brilhantes piruetas e
loopings intermináveis...
A partir daquele dia,
de vez em quando, meu gato me olha e murmura entre miados um chinogatomarquês
que não consigo entender de jeito nenhum...
Adriana Sousa
Campo Florido / Minas Gerais - Brasil
Amigo Carlos bate a minha porta algo estranho!
- O que faço? Abriu sozinha a porta!
- Caí no chão ao ver a minha frente uma coisa estranha de cor verde e olhos
grandes parecendo um sapo. Mesmo assim com voz trêmula convidei para assentar.
E logo em seguida me perguntou o meu nome e se eu conhecia Carlos Leite
Ribeiro?!
Mais que depressa respondi:
- Não pessoalmente mais é um amigo virtual.
Ele então disse;
- Fique tranquila sou da paz e dos versos...
Fiquei um pouco aliviada.
Dei a ele um suco de uva e um delicioso biscoito frito.
É essa coisa estranha comeu tão rápido que não sobrou para eu fazer companhia.
Fiquei paralisada e num abraço gelado que me deu desapareceu...
Mais ficou em cima da mesa uma escrita assim:
- Sou da paz
- Sou da Luz
- Brinco com as palavras
- Sei que você também isso faz
- Cuide com carinho a tua cruz
- Agora em outra porta vou bater e entrar...
Não tenha medo sou um ET Extraterrestre.
Deixo minha paz aos países por onde passo.
Até breve...
Sou um sapo pra você... Kkkkkkk!
Adriana Garcia
ANTONIO CABRAL FILHO
Rio de Janeiro - RJ/Brasil
Cururu Ninja (ET Sapo)
Após a sesta, como de costume, fui preparar um lanche. E com umas duas
horas de cozimento, meu panelão de aimpim estava pronto. Peguei uma gamela e um
pote de manteiga e coloquei-os sobre a mesa de jantar. Quando ia tirar aipim
para pôr numa bacia com o objetivo de resfriá-lo, ouvi uma pancadaria no meu
portão, que é de ferro. Crendo tratar-se de uma emergência, fui atender
correndo. Abri-o olhando para fora em busca de alguém, enquanto um vento gelado
atingia meu lado direito, na altura das pernas. Não dei importância, preocupado
em achar quem teria espancado meu portão, pois receberia o dobro em troco.
Corri os olhos à direita e à esquerda, inutilmente, ninguém, rua vazia.
- Estou aqui! Ouvi uma voz rouca, vinda do fundo do corredor para a
sala, num português rascante, típico daqueles fugitivos da guerra de
Angola, que chegavam ao Brasil, sem trouxa nem cadelinha, escrachando com a
ditadura de Salazar. Sem entender nada, olhei, bem devagarzinho, e divisei a
figura de um corpo parecido com o de uma tartaruga, daquele tipo do filme
Tartarugas Ninjas, e perguntei como entrara sem eu lhe ver. Respondeu-me que
não tinha tempo para delongas, que estava em missão e vinha trazer-me um
comunicado, mas a sua dicção era tão truncada, tão rápida, que lembrava os japoneses
da segunda guerra mundial, fugindo aos bombardeios.
- Antes de mais nada... Inútil tentar um entendimento. Ele falava sem parar.
Queria confirmar se eu era produtor gráfico, designer de sites, conhecedor de
muitas plataformas...
- Antes de mais nada... Insisti em comunicar-me com “aquilo”, mas o mesmo
não parava de falar. Fui em sua direção e, sem convite nem qualquer
formalidade, entrou em minha sala, sentou-se em minha poltrona de repouso, se
espojou de toda forma e falando sem parar. Seus assuntos giravam em torno de
programação visual, edição de textos, imagens, gestão de conteúdo etc.
- Cala a boca ou eu... Continuou falando e quis saber se eu não teria nada para
ele fazer um lanchinho. Único momento em que pareceu ser sensível. E ao pensar
em dirigir-me à cozinha, o troço partiu pra lá. Quando cheguei, já o encontrei
com as mãos lambuzadas de massa de aipim, que comia vorazmente. Em menos de
três minutos, meu panelão de dez litros, cheio de aipim para fazer bolinhos,
simplesmente desapareceu.
- Vou precisar de sua lista de contatos... Disse-me quase engasgado com
aipim.
- O quê?! Nem morta santa! Respondi aos gritos e continuei gritando,
perguntando-lhe se ele sabia que meu país estava sofrendo um golpe de Estado,
de tipo sui generis, comandado pelo crime organizado a serviço das principais
corporações econômicas mundiais, tendo à frente os USA, Donald Trump e CIA... Mas,
ao olhar ao redor, eu estava falando sozinho, e sai andando encabulado, rumo à
porta da sala, que estava aberta. Olhei para o portão da rua, que estava
fechado, e, pensei: eu estou maluco.
ANTONIO CABRAL FILHO
Carolina Ramos
Santos SP - Brasil
Visita estranha... (ET Sapo)
Caro Amigo Carlos:
Agora compreendo muita coisa estranha que por aqui aconteceu e para a qual
eu não tinha a mínima explicação.
Após um tec-tec, (não um toc-toc), em minha porta, deparei-me com uma
certa pessoinha verde e magra a lembrar um gafanhoto de olhos grandes,
saltados e enigmáticos como os de um sapo. Dava-me pela cintura e
apertava o ventre volumoso como se tivesse dentro dele um tsunami!
Sem dizer palavra, a tal pessoinha, que não sei a que gênero pertence,
fechou a boca usando as duas mãos e, entrou correndo para dentro de minha casa
como que impulsionada por uma onda gigantesca que lhe brotasse das
entranhas a derramar-se pela praia da minha sala de visitas,
sobre o sofá e a escorrer pelo piso recém-encerado como um espelho!
Não imagina o amigo Carlos, o que por lá apareceu naquele mar de surpresas
e destroços! Nem a lata de lixo de uma pizzaria, aqui de São Paulo, depois de
um sábado, teria tal variedade, dispensada antes mesmo de sair do próprio
invólucro! Até cacos de vidro, fundos de garrafa e pedaços de papelão mastigado
completavam aquele mar nauseabundo!
A perplexidade tomou conta de mim, enquanto, sem saber o que fazer,
procurava atender e dar conforto àquela pessoínha verde, de olhos
constrangidos, que procurava remediar o que acabara de acontecer.
E foi então que, ainda ressabiado, aquele “estranho gafanhoto” com olhos de
sapo espantado, me entregou copia dessa história que tu, meu amigo
Carlos, vivenciaste, e que, mais tarde, eu leria na tela do meu próprio
computador.
Espero que este visitante, agora um pouco menos verde, se
restabeleça, depois do chazinho de erva-doce que lhe servi, e que tomou
com gosto. Assim, quem sabe, ele me entregue, afinal, as instigantes minudências que o
trouxeram até a minha porta e que tanto me intrigam! Se isto acontecer,
prometo que te contarei!
Abraço da amiga brasileira,
Carolina Ramos
Eliana Ellinger
Israel
Visita Inesperada (ET Sapo)
Foi ontem. Chovia tanto que a vontade era de ficar debaixo do edredom
assistindo TV.
Mas, escutei baterem na porta e, levantando do meu conforto, fui abri-la.
Olhei, olhei, não vi ninguém.
Novamente o "tum tum tum" na porta! Abri... Desta vez olhei para
baixo e vi uma figura que me pareceu um anãozinho.
Ele disse:
- Por favor, dá-me um abrigo.
Fiquei temerosa, pois nunca havia visto essa figura aqui, mas, seu olhar
era tão meigo e sua voz tão suave que o convidei para entrar.
- Obrigada, Eliana, está muito frio lá fora e não posso andar nessa chuva.
- Ué - espantei-me - como sabes meu nome?
- Eu estava em Marinha Grande, Portugal, na casa do nosso amigo Carlos e
foi com uma enciclopédia que ele me emprestou que aprendi a falar seu idioma.
Depois, ele me deu os nomes dos amigos do CEN e o lugar onde moram. Escolhi
vir te ver.
- Obrigada, mas qual teu nome? De onde vens?
Ele segurou minha mão e conduziu-me â janela...
- Meu nome é estranho, não vais entender, mas podes me chamar de Sapo esse
foi o nome que Carlos me deu.
Na janela, apontou para o céu mostrando uma luz prateada láááá longe...
- Dali que venho, viajava com meus pais e irmãos para conhecer os países da
Terra, mas me perdi...
- Ah! Então tu és um extraterrestre! Lembro agora do filme que assisti
muitas vezes e adorei: o ET... Eras tu?
- Não, era meu primo que também se havia perdido...
Sapo já estava aqui a quase uma hora, só conversando. Mas, a visitas se
oferece algo para comer e, por acaso, eu havia feito uma sopa deliciosa com
legumes e verduras. Coloquei num prato e ofereci... Ele lambia os beiços, pegou
o prato e bebeu a sopa como se estivesse num copo! Fui pegar também uns
pasteizinhos de queijo e quando voltei vi que bebia a sopa toda da panela...!
Sapo me olhou, baixou os olhos como se pedisse desculpas. Não fiquei
zangada, até ri e muito!
Aí, abri a geladeira para pegar um suco de frutas para tomar com os
pastéizinhos... Ele arregalou os olhos, sorriu e tomou-me das mãos, comeu tudo,
bebeu tudo e, satisfeito, agradeceu-me a guarida.
- Como vais voltar para donde viestes?
- Não sei... Se eu tivesse um celular seria fácil me comunicar com eles...
- Eu tenho! Te empresto!
Todo feliz, Sapo discou: 0#&=?»«ª:><"!^~1
Nossa! Que complicado, pensei. Mas logo atenderam e os ouvi falarem, sem
entender nada, é claro!
- Obrigado, amiga! Eles estão nessa Terra Prometida também. A chuva passou,
vou encontra-los para continuar a viagem.
- E para onde vão agora?
- Não sei, um escolhe e os outros dirigem a aeronave. Ah! Será que ainda
tens uns pastéizinhos? Huummmm... Queria levar para eles degustarem.
Bem, todos que restaram - com prazer - dei a ele.
E Sapo se foi... Confesso, ele me conquistou na amizade. Tomara que um dia
nos encontremos novamente.
Eliana Ellinger
Henriette Effenberger
Bragança Paulista SP - Brasil
Visita do ET Sapo
Confesso que estranhei quando aquela figura disforme, de menos de meio metro,
me interrogou numa língua que pensei desconhecer, mas que percebi que entendia
perfeitamente, e, trêmula, quase gaguejando, respondi: Henriette, ao seu
dispor! Falei e ao mesmo tempo me arrependi: – Como poderia me colocar à
disposição daquele ser? Enfim, já havia dito e tentei sorrir para parecer
simpática.
Como boa anfitriã que sou, ofereci um café expresso e alguns biscoitos!
Pois não é que ele aceitou, sorriu com um arremedo de boca ao mesmo tempo em que
despejava o café fumegante e os biscoitos diretamente no buraco no abdomem,
onde deveria estar o umbigo, mas que estranhamente sugou o conteúdo da xícara,
todos os biscoitos do saquinho, após o que o buraco imediatamente se fechou,
sem deixar nenhum sinal ou cicatriz.
Logo em seguida, percebi, olhando pelos cantos dos olhos, que a tal figura
olhava de forma estranha para a Clarice, minha gata, que ao vê-lo, arrepiou-se
todinha e saiu quintal afora, encarapitando-se no alto do pé de acerola, feito
um passarinho.
Perguntei a ele o que de fato queria, ele me disse que viera apenas para uma
visita de cortesia, indicada pelo amigo Carlos Leite Ribeiro, com quem ele esteve
minutos antes. Nada mais me disse, nem me perguntou. Agradeceu o café, pediu
mais biscoitos para continuar a viagem, despediu-se dizendo que visitaria outro
amigo do Portal Cen, mas como ele me pediu segredo, não conto quem será a
próxima pessoa a ser visitada!
Henriette Effenberger
Isabel C S Vargas
Pelotas, RS, Brasil
Visita do ET Sapo
Prezado amigo Carlos.
Seu amigo Sapo enviou-me um e-mail avisando sua chegada à minha
cidade.
Fiquei preocupada em receber tão estranha figura, considerando o mesmo
ser um alienígena cujas reais intenções não sabemos na íntegra.
Considerando que moro na praia, uma praia de lagoa de água doce que
dependendo da maré entra água do mar e fica salgada
proporcionando uma boa safra de peixe e camarão, eu marquei de nos
encontrarmos na praia, visto que não me atrevi a receber em minha casa um
desconhecido interplanetario.
Minha surpresa foi grande ao recebê-la, sim ela, porque o visitante tem o
poder de assumir a identidade que desejar e para mim veio em uma personagem feminina,
misto de sereia e mulher.
Loira, olhos azuis, rosto angelical, linda cauda de escamas lilás, que de
acordo com a luz do Sol ficava mais intensa ou mais azulada, formando uma
escala ao longo da mesma de diversas tonalidades.
A princípio tinha pensado em oferecer para sua degustação
pastéis de camarão e peixe, muito apreciados aqui. Entretanto, devido
sua identidade de mulher e sereia ela informou não gostar de ingerir seus
companheiros da água, pois acreditava ser politicamente incorreto e
também por não ter coragem.
Ainda bem que minha cidade é de tradição portuguesa o que me deu uma
gama de possibilidades para ofertar-lhe.
Fomos à confeitaria mais badalada da praia onde lhe ofereci sucos feitos na
hora e doces típicos, pois anualmente realizamos a Festa Nacional do
Doce.
Ela, Aurora degustou quindim, fios de ovos, negrinho, branquinho,
brigadeiro, trouxinha de nozes, bombom de morango, de uva, pastéis de Sta
Clara, bem-casados, torta de maçã, tudo quanto ela conseguiu provar
até sentir-se estufada e satisfeita, além de encantada.
Depois disso, passeamos na praia onde ela foi a sensação, sendo que as
crianças acreditavam ser uma pessoa com uma fantasia que deixava aparecer uns
minúsculos pés à frente das roupa de escamas coloridas.
Para conhecer mais das tradições do Sul do Rio Grande do Sul, levei-a
ao Museu da Baronesa, no Centro de Tradições Gaúchas onde conheceu
as danças e a indumentária típica so Rio Grande.
Tão bem entrosada e mostrando sua versatilidade, ao ser convidada para
aprender as danças gauchescas, não se fez de rogada e saiu a girar no
salão, aprendendo nossa dança que tem muito semelhança com as danças típicas
portuguesas.
Por fim, ofereci-lhe um chimarrão que ela sorveu lentamente e, após,
despediu-se prometendo voltar aqui após retornar do Uruguai, para onde se
dirigia, visto ser bem próximo daqui, umas poucas horas de viagem.
Assim foi nosso contato, só não perguntei sob que forma chegaria lá,
nem.como retornaria.
Isabel C S Vargas
Maura Soares (Profª)
Florianópolis, SC, Brasil
O SAPO E.T.
A campainha tocava insistentemente. Havia deitado tarde após ler “Os que
não são convidados”, romance em que seres aparecem para amedrontar os
residentes da mansão à beira de um penhasco, e custei a entender que não era o
despertador e sim a campainha da porta.
Sonolenta, puxei a cortina e vi um ser pequenino com a ponta de um longo
dedo colada na campainha.
- O que é isto? Pensei. Estou sonhando ou aquilo ali é um E.T. que nem o
filme do Spielberg?
Como o Ser não parecia ameaçador, abri a porta.
- O que você deseja? Perguntei bocejando.
- Quero entrar, disse o alienígena.
Desconfiada como sou, meti a cabeça para fora da porta e olhei para os dois
lados da rua. Vi uma nave – sabia que era uma nave, pois assistira ao filme,
estacionada na esquina com as luzes acesas àquela hora da manhã.
- Esta é a minha casa. Não posso permitir que entre sem saber o que você
deseja. Primeiro me responda de onde você é e porque resolveu bater em minha
porta.
- É que sei que aqui não existe aparelho de TV e eu odeio aparelhos de TV.
Me dão arrepios.
Quase caí na gargalhada. Arrepios? Você tem o corpo todo liso. Como pode se
arrepiar?
- Eu me arrepio, sim. Quer ver?
Imediatamente a pele dele ficou toda eriçada.
Acreditei, claro, depois de ver. Já disse que sou desconfiada.
- Quero entrar, insistiu o E.T.
- Afinal, são sete horas da manhã, acordei com você na minha porta. Hoje é
domingo, durmo um pouco mais. O que quer, afinal? Fazer alguma enquete?
- Quero algo para comer!
- O que você come? Pelo que me consta ETs não se alimentam.
- Se alimentam, sim. Deixe-me entrar.
Vi que aquele pequenino Ser nem de longe foi agressivo e me afastei da
porta e deixei entrar.
Fechei a porta. Ele educadamente ficou parado para ver a minha reação.
Encaminhei-me para a cozinha só me lembrando de o que teria na geladeira
para oferecer. As sobras da semana. O que vou fazer? Vou ver o que ele deseja.
Será que esquento no forno de micro-ondas, ou ele come tudo gelado?
Diante destes pensamentos, fui casa à dentro e ele me seguindo com seu
andar balanceado.
Abri a geladeira e ele olhou tudo maravilhado.
Disse: - Fique à vontade em escolher. Terça-feira tem feira livre aqui perto
e comprarei novo estoque.
Enquanto fui ao quarto trocar de roupa e lavar o rosto, o ET de uma só
tacada comeu uma cartela de ovos, pedaços de frango, arroz, lentilha, o leite
com a embalagem, a salada que havia feito na noite anterior, sorvete, um
pequeno recipiente com feijão e arrematou com meia garrafa de vinho.
Fiquei surpresa. Os recipientes de vidro não foram engolidos. Os demais foram
para o bucho do ET.
Ele olhou para mim, deu um grande arroto e foi embora.
Me joguei na cadeira da cozinha, sem acreditar naquilo.
Acho que ninguém vai acreditar.
Profª Maura Soares
Syspoetisa Sabino
Brasil
1
Feliz eu admirava o dia
Dia calmo de domingo
Domingo que abençoei
Abençoei com versos,
2
Versos eu tecia
Tecia versos Ecosys
Ecosys bailavam borboletas
Borboletas voavam livres,
3
Livres iam e vinha até a porta
Porta de vidro transparente
Transparente chama a atenção
Atenção de um homem que eu vi,
4
Vi na porta um homem verde
Verde era seu terno e chapéu
Chapéu combinando com o sapato
Sapato verde como folhas,
5
Folhas ele trazia na mão
Mão que ele me estendeu
Estendeu a mão e sorriu
Sorriu dizendo meu nome,
6
Nome que alguém o informou
Informou meu nome para ele
Ele veio me visitar
Visitar para aprender,
7
Aprender a escrever um Ecosys,
Ecosys abre portas aqui
Aqui sou amiga de quem chega
Chega mais, senhor?
8
Senhor Sapo! Ele me informou,
Informou que o Dr. Carlos o enviou
Enviou com bom propósito
Propósito que ele gaguejou,
9
Gaguejou observando tudo
Tudo ele queria saber o começo
Começo tem fim, perguntou,
Perguntou rindo e bebendo suco,
10
Suco foi o que ele bebeu
Bebeu olhando as borboletas
Borboletas que dele fugiam
Fugiam com medo do sapo,
11
Sapo hoje ele é
É para beijar?
Beijar e ver a transformação em homem?
Homem sábio vem,
12
Vem de longe aprender
Aprender a interagir
Interagir com boa prosa
Prosa fiquei hoje, toda feliz.
Syspoetisa Sabino
Vanda Maria Jacinto
Brasil
Visita especial (ET Sapo)
Olá meu amigo Carlos,
Agradeço o carinho da lembrança em enviar-me tão distinta visita! Adorei o
nosso amigo em comum, o Sapo!
Não consegui localizar com exatidão de que parte do universo se originou
nosso amigo, mas não me importo com isso… Desfrutamos a convivência de dias
maravilhosos!
Como sabes, moro no nordeste brasileiro, especificamente na cidade de
Mossoró - Rio Grande do Norte, onde o sol brilha nos trezentos e sessenta e
cinco dias do ano, fato esse que me levou a crer que o Sapo, vem de alguma galáxia
onde o sol também é o “Astro Rei”, pois jamais vira tamanha e tão rápida
adaptação climática!
Acredita que ele em nenhum momento reclamou do calor? Embora, sempre que eu
descuidava, lá estava ele na piscina! Saiu daqui bronzeadíssimo!
Bom mesmo foi no fim-de-semana em que o levei à Praia da Ponta do Mel.
Nossa! Ficou maravilhado com a vasta área litorânea do nosso estado e suas
belezas naturais!
Tive dificuldades em trazê-lo de volta à cidade!
Aproveitei no caminho, para mostrar-lhe uma das muitas salinas da região,
bem como os cavalinhos, extratores de petróleo – duas das fontes econômicas da
cidade. Daí foi uma longa história, pois tive que esclarecer o que sei, sobre
o petróleo.
Outro momento legal foi mostrar e convidá-lo a provar da nossa culinária
tão específica, adorou o nosso cafezinho brasileiro, a tapioca, a paçoca de
carne de sol com arroz de leite, pamonha, canjiquinha, etc.
O interessante mesmo foi colocá-lo diante do linguajar aqui do nordeste.
Se ele teve alguma dificuldade com o seu “Português” não sei, mas temi por esse
momento, pois o nosso “nordestinês” difere e muito de outras regiões.
Como já sabes, o tamanho continental do nosso país, faz com que haja
diferentes formas linguísticas.
A princípio, percebi alguma dificuldade na comunicação, mas depois, já
estava muito melhor que eu, moradora daqui há 37 anos.
Não foi fácil me despedir dele, mas prometeu voltar!
Enfim, meu amigo, eu adorei a indicação, e sempre que receber visitas
desse naipe, pode me mandar que receberei de braços abertos! Aliás, adoraria a
sua visita também!
Adoro o inusitado!
Vanda Maria Jacinto
Thais Arrighi
São Paulo/Brasil
Visita do ET Sapo
Hoje ao acordar, tocou a campainha. Curiosa, corri para atender e para minha
surpresa nada consegui identificar pelo visor da porta. Decidi então abrir uma
fresta por precaução. Surpresa! Deparei-me com uma criatura estranha que mais
parecia um pé de couve. Pequenino, verde e desengonçado e logo lembrei da
visita que o Carlos Leite contou que recebeu na casa dele em Portugal, e enviou
o pequenino para conhecer novos amigos e como também outros lugares do nosso
planeta que chamamos de países.
Chamei-o então de Sapo, pois foi esse o nome que o Carlos gentilmente deu a
ele. Feliz com a visita, abri a porta e o convidei para entrar. Seus olhinhos
que mais pareciam duas lanternas acesas arregalaram com o que via e já foi
devorando um vaso de violetas que tinha em cima da mesinha do telefone. Tentei
explicar que aquilo não era comestível, mas ele não entendeu nada.
Foi adentrando em todos os ambientes e seu olhar e atitudes eram de
espanto.
Deixei que ele ficasse à vontade e... para que ele se acalmasse convidei-o
para o café da manhã, que eu ainda não havia tomado. Tomei o cuidado de servir
o que eu achava que ele poderia comer sem fazer mal, como queijo, suco, frutas,
bolos e o tradicional achocolatado em uma xicara de porcelana com pires. Mas
para meu espanto ele devorou tudo em um instante ate os recipientes onde coloquei
os alimentos para servir.
Pois bem. Tudo o que lá havia ele tocava primeiro e percebi que ele queria
saber o nome. Como em uma cartilha fui desenhando as palavras e como por
encanto ele decorava na mesma hora e repetia em forma de sons que dava para
entender! A criatura verde não possuía nenhuma identificação mas seu semblante emitia muita paz. Entendi
que ele veio em missão para a terra, pois era de um outro planeta.
Contou que quem o mandou aqui para minha casa foi o Carlos Leite de Portugal,
para que ele encontrasse outros amigos espalhados por este mundão virtual!
Achei graça de como ele ficou admirado e perguntou como era possível
morar em caixas empilhadas no caso dos edifícios, pois moro no décimo segundo
andar de um edifício. Assim como também quando conheceu o trânsito maluco das
grandes capitais, iguais onde moro em São Paulo/ Brasil.
Depois de explicar e matar a curiosidade dele por tudo... Disse-me que
tinha que ir embora para dar continuidade a sua missão. Agradeci a sua visita e
dei outros endereços para ele visitar. Portanto, se ele chegar à sua casa, abra
a porta sem receio e sim com a esperança de abrigar em sua casa, um
enviado da PAZ!
Seu nome? Acho que é SAPO!
Thais Arrighi
Fim do 1º Bloco
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Se quiser
participar, ainda dá tempo: envie sua versão da Visita do ET Sapo, em prosa ou verso, até o dia
27.01.2018, para o e-mail: carlosleiteribeiro@sapo.pt.