domingo, 7 de julho de 2013

GAFANHOTOS


Gafanhotos

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Embora os gafanhotos existam em massa atualmente, eles sumiram da face da Terra por um curto período de tempo. Entre 1873 e 1877, um enxame de enormes gafanhotos devastou plantações em todo o centro-oeste dos EUA, causando um prejuízo de centenas de milhões de dólares. Pouco menos de 3 décadas de depois, esses gafanhotos foram extintos.

Os fazendeiros organizaram um exército para aniquilar todos esses insetos do mundo? Certamente não. Alguns pesquisadores acreditam que a extinção desses gafanhotos foi causada por grandes mudanças ambientais. Mas o mais provável é que os ovos de gafanhotos tenham sucumbido a irrigação e aração usada pelos fazendeiros após a destruição das plantações.

Os gafanhotos são ortópteros (Orthoptera, do grego orto - pteros, asas retas) são uma ordem de insetos que possuem as asas superiores retas e coriáceas, recobrindo as asas inferiores mais largas, dobradas no seu sentido longitudinal.

Tais insetos possuem pernas posteriores longas e possantes, apropriadas para saltar, o aparelho bucal e mastigador. Pertencem a esta ordem os insetos conhecidos popularmente como grilos, gafanhotos, esperanças e paquinhas. Esses insetos possuem o terceiro par de pernas do tipo saltatorial, sendo esse o caráter que os separa das demais ortopteróides (baratas, louva-a-deus e bichos-paus).

O primeiro par de asas é tégmina, utilizadas para proteção, e o segundo par é de asa membranosa utilizada para voo. O gafanhoto salta no ar e usa as asas para deslizar e monitora o voo com receptores localizados na carapaça que reveste seu corpo. Esses receptores captam as distorções no invólucro do corpo quando o gafanhoto voa. Há no mínimo 148 pares de receptores em cada lado do corpo do gafanhoto. Detectando o esforço e o movimento, eles garantem a distribuição homogênea da atividade muscular e mantêm o inseto voando de forma nivelada. 

O aparelho bucal é do tipo mastigador, ou seja, sem modificações das peças bucais.

As antenas são filiformes ou setáceas, o comprimento das antenas são características utilizadas para identificar algumas famílias, O primeiro par de pernas pode ser ambulatorial ou fossorial.

A reprodução é geralmente sexuada e a maior parte das espécies é ovípara, embora existam espécies partenogenéticas.

O desenvolvimento é por hemimetabolia (ovo, ninfa, adulto), o desenvolvimento das asas é do tipo exopterigota, sendo observado a teca alar nas formas jovens.

O protórax é o segmento torácico mais desenvolvido, o abdome é séssil com 11 urómeros. As fêmeas podem apresentar ovipositor longo com aspeto de lâminas ou cilíndrico, porém há espécies com ovipositor muito curto. Algumas espécies possuem cercos longos. A maioria dos ortópteros apresenta tímpanos (órgãos auditivos) localizados de cada lado do primeiro urómeros ou na base das tíbias anteriores.

A maioria dos ortópteros produzem sons, o canto desses insetos é conseguido por estridulação, ou seja, atritando uma parte do corpo contra a outra. Em geral, somente os machos possuem órgãos estridulatórios. O gafanhoto macho cricrila friccionando as minúsculos grampos das pernas traseiras contra uma veia espessa e enrijecida da asa dianteira. Cada espécie de gafanhoto tem seu canto próprio, determinado pela distribuição dos grampos e o ritmo em que são friccionados. O número de grampos também varia de 80 a 450 por perna.

Os ortópteros em geral são de hábitos terrestres e fitófagos, sendo algumas espécies pragas de gramíneas, hortaliças, mudas de cafeeiro, de eucalipto, milho, citros, folha do algodão, arroz, soja, pastagens, alfafa, etc., comendo as plantas verdes.

O gafanhoto do deserto durante séculos tem sido uma praga, uma espada de Dâmocles que paira sobre a humanidade, contra a qual é utópico pensar que a tecnologia de hoje serve para prever onde e quando ele vai cair. Já no primeiro século, o naturalista romano Plínio escreveu sobre o pior dos casos, havia conhecido de devastação e morte causada por gafanhotos.

Para encontrar referências a gafanhotos idosos devem voltar a dois mil anos e remetem para a narrativa bíblica que descreve como uma gigantesca nuvem de criaturas vivas que comia de tudo em seu caminho, destruindo completamente as plantações. A história contada na Bíblia chegou a ser posta em causa. Parecia ser uma lenda terrível demais para ser real. Hoje sabemos que esta história não faz nada além de descrever uma realidade que tem sido repetido muitas vezes na história da humanidade.

Enxames de gafanhotos concentram dezenas de milhões de indivíduos por quilômetro quadrado e enterram sob a sua sombra muitos quilômetros quadrados de área de terra.

Um gafanhoto adulto pesa aproximadamente duas gramas em algumas espécies menores e em outras espécies variam entre dez e trinta gramas e todos comem o equivalente a seu peso na alimentação diária. Assim é possível perceber o estrago que uma nuvem de gafanhotos provoca ao atacar determinada plantação ou floresta.

A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, FAO, confirmou que uma fração de um enxame típico pode comer tanta comida em um dia tanto quanto 2.500 pessoas pdem consumir. A África, por seu clima e por haver grandes enxames depositando seus ovos que dormem na areia, apenas esperando o momento ideal para eclodir, durante séculos tem sido a fase que esta praga tem se tornado uma constante para os países do continente. Mas a África é o único continente sob constante ameaça. Os gafanhotos podem mover-se até 200 milhas em um dia e chegar a áreas que podem estar até 2.000 metros acima do nível do mar.

No entanto, não é seguro confiar em normas, gafanhotos atingiram, entre 2005 e 2007, o vale de Zanskar na Índia, o qual está localizado a 3.500 metros. O vale fica coberto de gelo de Novembro a Maio, sendo quase isolado, o que sugere que o inseto já tenha (se não sempre teve) a capacidade de suportar temperaturas extremamente frias.

Durante a peste de 1887 foram encontrados alguns exemplares em enxames em lugares distantes de seu habitat, como Roma, na Itália; em 1941 foi em Saragoza, na Espanha e no mesmo país que se encontrou o inseto na Extremadura, em 1956.

As Américas viveram seus efeitos devastadores em várias ocasiões, acredita-se que os insetos vieram voando sobre o Atlântico, numa viagem de apenas 10 dias.

Os ataques de gafanhotos desde o século XX têm sido repetidos nos períodos 1926-34, 1940-48, 1949-63, 1967-69 e 1987-89. O enxame que atingiu o continente Africano entre 1987 e 1989 resultou em uma perda, após vários anos de intensa luta, de mais de 300 milhões de dólares.

No XXI, a última praga de 2004 destruiu apenas na Mauritânia, mais de um milhão de hectares de terras cultivadas. Afetados Sahel, na África ocidental, norte do Egito, Jordânia e Israel, zonas onde os gafanhotos vieram pela primeira vez em 50 anos.

Elas variaram do Marrocos, Cabo Verde e chegaram às Ilhas Canárias, Portugal e Creta. O enxame principal abrangia cerca de 230 km de extensão e 200 metros de largura, avaliado em 69.000 milhões de gafanhotos.

Conforme registrado pela FAO, para conter e controlar a praga foi preciso uma tarefa empreendida por 20 países que ultrapassou 400 milhões de dólares e as perdas das lavouras foram estimadas em 2,5 milhões.

Vejam os dois vídeos abaixo que falam sobre os efeitos de uma praga de gafanhotos:





Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande - Portugal

Um comentário:

  1. Um bichinho voraz, este ortóptero pelo qual nutro, no entanto, uma enorme simpatia...

    Excelente artigo!

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