quinta-feira, 24 de março de 2016

A SEMANA SANTA EM BRAGA (Portugal)




Santuário do Sameiro
Santuário do Bom Jesus

As cerimônias da Semana Santa, em Braga, começam com a tradicional Bênção dos Ramos e a Procissão do Senhor dos Passos. A cidade vive sete dias de intensa atividade religiosa, com os tradicionais ritos e procissões, que culminam no Domingo de Páscoa, a atrair muitos milhares de fiéis e de turistas. Os visitantes são sobretudo atraídos pelas grandes procissões que registam a participação de centenas de figurantes vestidos a rigor para simbolizar o calvário de Cristo. Será o caso, por exemplo, da tradicional procissão de Nossa Senhora da «burrinha», que incorpora cerca de setecentos figurantes. Na quinta-feira à noite, decorre a procissão de «Ecce Homo» e, na Sexta-feira Santa, a solene Procissão do Enterro do Senhor, talvez a mais aguardada pelos turistas. Já no Domingo de Páscoa, o tradicional compasso percorre as aldeias, vilas e cidades minhotas.


Com tradições que remontam aos primórdios do século, a Semana Santa em Braga é o expoente máximo das solenidades pascais do país e do norte da Península Ibérica. Durante uma semana, a cidade de Braga acolhe milhares de peregrinos oriundos de todo o país e da vizinha Galiza, para participar numa das manifestações que constitui um dos mais notáveis cartazes do turismo religioso.

Os archotes, as velas e os milhares de pessoas que se dispõem ao longo das ruas para ver passar as procissões, em especial as do Senhor Ecce-Homo e do Enterro do Senhor, configuram um quadro ímpar das festividades e transmitem uma tradição enraizada num ritual dominado pelo conjunto de procissões noturnas envoltas numa forte intensidade dramática.

A procissão de Endoenças, também conhecida por procissão do Senhor da Cana Verde ou mais popularmente conhecida como procissão do Senhor Ecce-Homo, tem lugar na noite de Quinta-Feira Santa. Com origens na visita que outrora se efetuava às sete igrejas, inspirada nas Sete Estações Romanas, que, como reza o Compromisso Cerimonial da Santa Casa da Misericórdia de Braga, refletia «a penitência aos fiéis cristãos que reconheceram seus pecados, e por eles quiseram fazer alguma satisfação penal nos dias em que o mesmo Filho de Deus quis pagar por nós derramando Seu precioso sangue».

Quem chamou a si a realização desta procissão foram, por isso, as Santas Casas da Misericórdia, instituídas em Portugal pela rainha D. Leonor, em 1498. Ainda hoje, é a estas instituições que cabe a tarefa de promover e organizar esta solenidade e por isso considerada a Festa da Irmandade, à qual todos os irmãos eram então obrigados a assistir. O papel desempenhado outrora pelos irmãos foi hoje parcialmente substituído pelo figurado que integram o cortejo religioso.

Na cidade de Braga, a procissão da noite de Quinta-Feira Santa tem como figura central a imagem do Senhor Jesus Cristo coroado de espinhos, com as mãos atadas, segurando um cetro, figurado numa cana verde.

Esta procissão, pelas suas características, é uma das solenidades da Semana Santa mais participada pelos bracarenses e por muitos milhares de fiéis de todo o país e da vizinha Galiza que nesta noite "invadem" a cidade de Braga para assistir.

No dia seguinte, na Sexta-Feira Santa, é a vez de se realizar a procissão do Enterro do Senhor. Este cortejo religioso é o mais solene de todos os que na Semana Santa se organizam. Os mesários e irmãos da Misericórdia e Santa Cruz, encapuzados, as varas a rasto, os Reverendo Cónegos com os mantos e varas arrastados pelos lajedos, os figurados, também arrastando as cruzes, como os pendões, bandeiras das congregações, juízes com varas, provocam como que um gemido de consternação, tal é a impressão que o "surdo" arrastar das varas nos provoca. De longe a longe, este sussurro é quebrado pelo som entoado por uma personagem que segue o Esquife do Senhor: «Heu Heu Damine Heu Salvador noster! (Ai! Ai! Senhor Salvador Nosso!).

O rugir das matracas dos farricocos, o bater das varas dos irmãos da misericórdia que se ouvem na procissão da Quinta-Feira Santa, dão lugar a um silêncio avassalador na procissão do Enterro do Senhor. O cortejo religioso sai da Sé Catedral, a onde regressa depois de percorrer as principais artérias do centro da cidade.

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal





Nenhum comentário:

Postar um comentário

CEN - CÁ ESTAMOS NÓS
Atos e Fatos. Não só palavras.