Maria Quitéria - Morreu a 21 de Agosto de 1853 - Heroína baiana, brasileira
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Sua pequena estátua está no Campo Grande,
em Salvador BA, no monumento ao Índio.
Ao iniciar-se a Guerra de Independência, na Bahia, assentou praça no exército. Formou uma companhia feminina, que se destacou na luta contra os portugueses, quando estes pretenderam desembarcar junto à foz do rio Paraguaçu. Terminada a guerra, foi condecorada por D. Pedro I (Pedro IV de Portugal) com a insígnia de cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Recebeu também soldo de alferes de linha. Maria Quitéria é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador, BA.
Do mesmo modo, a Câmara Municipal
de Feira de Santana instituiu a Comenda Maria Quitéria, para distinguir
personalidades com reconhecida contribuição à municipalidade, e ergueu-lhe um
monumento na cidade, no cruzamento da avenida Maria Quitéria com a Getúlio
Vargas. A sua iconografia mais conhecida é um retrato de corpo inteiro, pintado
por Domenico Failutti c. 1920. Presenteado pela Câmara Municipal de Cachoeira,
integra atualmente o acervo do Museu Paulista, em São Paulo. Por Decreto da
Presidência da República, datado de 28 de Junho de 1996, Maria Quitéria foi
reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército
Brasileiro. A sua imagem encontra-se em todos os quartéis, estabelecimentos e
repartições militares da Arma, por determinação ministerial.
Mulher bonita, altiva e de traços
marcantes, Maria Quitéria montava, caçava e manejava armas de fogo. Tornou-se
soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano lutava contra os portugueses a favor
da consolidação da independência do Brasil. O historiador Bernardino José de
Souza, autor de Heroínas Baianas, explica que no dia 6 de Setembro daquele ano,
instalou-se na Vila de Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, local onde morava
a família de Maria Quitéria, o Conselho Interino do Governo da Província. O
Conselho defendia o movimento pró-independência da Bahia e visava obter adesões
voluntárias para suas tropas. Maria Quitéria mostrou-se interessada em se
alistar, mas foi advertida pelo pai de que mulheres não vão à guerra. Ela então
fugiu e, ajudada por sua irmã Teresa, cortou os cabelos, vestiu a farda de seu
cunhado e ainda tomou emprestado seu sobrenome, Medeiros. Ingressou no
Regimento de Artilharia onde permaneceu até ser descoberta, semanas depois. Foi
então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado
um saiote.
Sua bravura e habilidade no
manejo das armas foram destaques desde o começo de sua vida militar. No combate
da Pituba, em Fevereiro de 1823, atacou uma trincheira inimiga e fez vários
prisioneiros. Em Abril do mesmo ano, na barra do Paraguaçu, ao lado de outras
mulheres e com água na altura dos seios, avançou contra uma barca portuguesa
impedindo o desembarque dos adversários. Em Julho seguinte, quando o Exército
Libertador entrou na cidade de Salvador, foi saudada e homenageada pela
população. No dia 20 de Agosto foi recebida, no Rio de Janeiro, pelo imperador
D. Pedro, que lhe ofereceu a Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial do
Cruzeiro e um soldo de alferes de linha. Maria Quitéria aproveitou a ocasião
para pedir a D. Pedro uma carta solicitando ao pai que a perdoasse. Retornou à
fazenda Serra da Agulha e, meses depois, casou-se com o lavrador Gabriel
Pereira de Brito, com quem teve uma única filha, Luísa Maria da Conceição.
No dia 20 de Agosto foi recebida
no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial
Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:
"Querendo conceder a D.
Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com
denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste
Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso
da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro".
Além da comenda, foi promovida a
Alferes de Linha, posto em que se reformou, tendo aproveitado a ocasião para
pedir ao Imperador uma carta solicitando ao pai que a perdoasse por sua
desobediência.
Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se com o
lavrador Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem teve uma filha,
Luísa Maria da Conceição.
Viúva, mudou-se para Feira de
Santana em 1835, onde tentou receber a parte que lhe cabia na herança pelo falecimento
do pai no ano anterior. Desistindo do inventário, devido à morosidade da
Justiça, mudou-se com a filha para Salvador, nas imediações de onde veio a
falecer aos 61 anos de idade, quase cega, no anonimato. Desconhece-se o local
de seu túmulo.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
Livro de
Visitas do Portal CEN - "Cá Estamos Nós"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
CEN - CÁ ESTAMOS NÓS
Atos e Fatos. Não só palavras.